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São Miguel das Matas celebra seus 133 anos de história neste sábado 08/06/2024 | Reconvale Noticias




O município de São Miguel das Matas está localizado no Território de Identidade do Vale do Jiquiriçá, limitando-se com os municípios de Laje (ao Sul), Amargosa e Elísio Medrado (ao Norte), Varzedo (ao leste) e Santo Antônio de Jesus (ao oeste), tendo população de 11.704 (2020), segundo IBGE.

Região de longa História no país no que diz respeito à utilização do solo como meio para geração de riquezas. As práticas de produção agrícolas aqui implantadas desde a colonização nunca levaram em consideração a possibilidade de degradação que posteriormente viria acontecer, tendo em vista o modelo de desenvolvimento adotado pelos agricultores até os dias atuais.

Em 1557, D. João III doou a D. Álvaro da Costa, filho do então Governador Geral do Brasil D. Duarte da Costa, “as terras que então se achavam incultas e não povoadas, entre os dois rios do braço do mar: Jaguaripe e Paraguaçu, em 4 léguas de costa na largura e de comprimento, 10 léguas para o sertão e pelos ditos rios acima, que fica tudo em distância de 15 e 16 léguas dessa cidade (Salvador) que lhe passou carta em 16 de janeiro de 1557”. Analisando geograficamente essa faixa de terra, entende-se que as atuais terras do município de São Miguel das Matas localizam-se dentro dessa dimensão.

Na segunda metade do século XVII o rei de Portugal, através de Carta Régia mandou que se criasse no fundo da Vila de Maragogipe a Vila de Jaguaripe, no mesmo local da Freguesia de Nossa Senhora D’Ajuda que já existia desde o ano de 1613, passando a ser considerada Vila somente 80 anos mais tarde, em 27 de dezembro de 1693. A Vila de Jaguaripe, a primeira do Recôncavo Baiano, tinha como objetivo combater os “ladrões e assassinos” que atormentavam a região. Nos limites mais distantes da vila supracitada, ano depois surgiria a Vila de São Miguel da Aldeia.

A denominação do nome Vila de São Miguel da Aldeia está ligado à visita de um “caboclo” que passara pela região pedindo ajuda para festejar o Santo São Miguel Arcanjo, na Vila de Jaguaripe. Por ser uma pessoa desconhecida, os moradores da Vila não ofertaram suas ajudas, sugerindo que o “Caboclo” retornasse à sua Vila e trouxesse a imagem do referido santo, a fim de que pudesse confirmar a veracidade da “promessa”. Durante o retorno à Vila de Jaguaripe, o “Caboclo” foi acometido do vírus da varíola, o que o levou a óbito.

A partir desse fato o “lugarejo” passou a ser chamado de São Miguel da Aldeia, a partir de 1765, São Miguel em referendando ao Arcanjo Miguel e Aldeias em referência as leis de proteção às Aldeias. As primeiras casas, sedes de fazendas, localizavam-se na antiga Rua de Telha, onde hoje localiza-se o Clube Social, outras se localizavam próximo à estação ferroviária e na entrada principal da cidade, hoje chamado baixa de areia. Existem também, referências de um casarão situado ao lado de onde hoje é a Igreja Matriz.

Em decorrência de uma grande epidemia de varíola que assolou a pequena Vila de São Miguel da Aldeia, na década de 1790, deixando grande número de mortos. Os moradores das Fazendas da Baixinha, conhecida como triângulo, fizeram uma promessa a São Roque, protetor das pestes, construindo posteriormente, em 1802, uma pequena Capela em frente ao local onde foram enterrados os óbitos, que a partir do fim da peste passou a ser o principal local das celebrações religiosas realizadas pelos Padres Franciscanos de Acaju ou Cajueiro. Os Franciscanos utilizavam-se de sermões educativos sobre o modo de plantar, de colher e de beneficiar o cultivo do café, bem como distribuíam sementes aos colonos miguelenses.

Com o desenvolvimento da cultura da mandioca, do café, da cana-de-açúcar, do fumo e da criação de gado, o lugarejo se desenvolvia com pequenas casas comerciais e algumas moradias em torno da Capela de São Roque, fatos que influenciaram a coroa portuguesa a elevar de Vila a Freguesia de São Miguel da Aldeia, ato feito através de Alvará de 24 de novembro de 1823, quando o Imperador D. Pedro I cria a primeira Freguesia do Império. O arraial de Nova Laje passou a fazer parte da Freguesia de São Miguel da Aldeia, que por integrar ao seu território o novo arraial, passou a ser chamado de São Miguel da Nova Laje, sendo este o quinto distrito da Vila de Jaguaripe, localizado nos “fundos das roças de Nazareth”.

As questões de posse de terras eram frequentes e ceifou a vida de muitos colonos. As leis eram feitas de acordo com a conveniência e influencia que cada um tinha perante o governador da província, mesmo sobre a égide da “Justiça de Jaguaripe” O representante legal da justiça em São Miguel da Nova Laje, era exercida pelo Juiz de Paz, que era uma figura respeitada e autoridade com prestigio tamanho que as suas correspondências eram entregues diretamente ao Governador da Província, que sempre a respondia com total prontidão. Na inexistência de alguém que residisse no local e atendesse a todos os requisitos exigidos pelo posto, o vigário assumia a tal função. È importante ressaltar que nesse período o vigário, o professor e o juiz de paz eram as pessoas mais respeitadas do lugar.

A região foi primitivamente habitada pelos índios cariris, aldeados na fazenda Arco Verde, uma das principais ainda hoje existente, no atual município. Devido a localização da tribo, eram os indígenas denominados ″índios do arco verde″.
Presume-se que o desaparecimento dos silvícolas tenha ocorrido por volta de 1820.
Os primórdios de São Miguel das Matas datam do século XVIII, quando chegou ao local um senhor de nome Joaquim Tirana, adquirindo uma grande área de mata virgem. Posteriormente, o capitão Manoel dos Santos Ribeiro estabeleceu-se em frente a essa propriedade com um engenho de açúcar e rapadura, desenvolvendo aí a plantação de cana.
Surgiram outros moradores e logo foi construído um pequeno cemitério. O mesmo ocorreu com a capela, que foi inaugurada em 1802, tendo o arcanjo São Miguel como padroeiro.
Aumentou-se o número de edificações, contando-se, a partir daí, com os primeiros estabelecimentos comerciais. Estava definitivamente formada a povoação que, inicialmente, chamou-se São Miguel da Aldeia, pela sua proximidade da aldeia dos ″índios do arco verde″.
Desenvolveram-se também as culturas de mandioca, fumo e café, esta, introduzida e orientada, do plantio à colheita, pelo capelão de nome frei Félix, e que se tornou uma das principais riquezas da região. Depois de ter alterada a denominação para Vila São Miguel, em 1891, passou a denominar-se São Miguel das Matas, em 1948, topônimo justificado por situar-se em região de matas.
Distrito criado com a denominação de São Miguel, pelo alvará de 24-11-1823, subordinado ao município de Santo Antônio de Jesus. Elevado à categoria de vila com a denominação de São Miguel, por ato de 01-06-1891, desmembrado do município de Santo Antônio de Jesus. Sede na antiga povoação de São Miguel. Constituído do distrito sede. Instalada em 08-06-1911.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é constituído do distrito sede pelo decreto-lei estadual nº 141, de 31-12-1943, o município de São Miguel, foi extinto, sendo seu território anexado ao município de Santo Antônio de Jesus.
Elevado novamente à categoria de município com a denominação de São Miguel das Matas, pelo decreto estadual nº 12978, de 01-06-1944, desmembrado de Santo Antônio de Jesus. Sede no atual distrito de São Miguel das Matas (ex-São Miguel). Constituído do distrito sede.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1950, o município é constituído do distrito sede.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município permanece constituído do distrito sede. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007. Os nativos de São Miguel das Matas são chamados miguelenses.
Em 29 outubro de 1829, o juiz de paz João Fernandes de Castro, filho do Capitão Antonio Fernandes de Castro, trouxe a cópia da Lei da Câmara de Jaguaripe, Vila da qual São Miguel da Nova Laje pertencia como 5º distrito, onde se tratava dos cuidados que os moradores da Vila deveriam ter para com a matas, como descreve o artigo 30 do edital da Câmara Municipal de 09 de outubro de 1829:
Artigo 30. “Fica proibido roçar-se, derrubar-se e queimar-se para plantação matas virgens, ou capoeiras grossas onde tenha qualquer madeira de construção, sem que proceda exame pelo Juiz de Paz e licença da Comarca; pena de 30.000 reis e oito dias de prisão. E para que chegue a notícia de todos o presente se publique e afixe nos lugares de costumes”.
A colonização da Vila de Jaguaripe aconteceu lentamente partido do litoral para o interior, sempre tomando como base o curso dos rios Jaguaripe e da Dona, seguindo em direção às suas nascentes, por onde chegavam os Jesuítas e os primeiros colonos. Os primeiros Padres Jesuítas iniciaram a catequização dos “índios Sapucaias que se encontravam do lado direito da Serra do ‘Gurirú’ – nome indígena – hoje conhecida como Serra da Jibóia, e das tribos de Pedra Branca” Seguindo os mesmo caminho percorrido pelos os Jesuítas vieram também alguns desbravadores, em busca de pedras preciosas, madeira de lei – atividades desenvolvidas através do escambo com os indígenas – para construção de navios e exportação para a Corte. Estes foram se estabelecendo no local, cultivando a mandioca, que ora já era produto de subsistência dos indígenas, provocando assim a destruição das matas nativas.
A Vila de Jaguaripe prosperava, criando fama a partir da sua cadeia e da justiça aplicada, onde tinha como máxima “Justiça de Jaguaripe te persiga”. Na Aldeia de São Miguel, os padres Jesuítas “amparavam” os indígenas da escravidão que os Bandeirantes e os Sertanistas aplicavam aos habitantes das aldeias, deslocando-os para longe das rotas dos desbravadores. No ano de 1758, o Marquês de Pombal, autoriza ao Governador Geral do Brasil, a expulsar os Jesuítas. A topografia das Aldeias também contribuía para que os povos indígenas se protegessem dos invasores, que ao perceber a aproximação refugiavam-se nas matas, sobretudo na Mata do Cruzeiro, formando novas aldeias.
Com a expulsão dos Jesuítas da Vila de São Miguel da Aldeia, suas terras foram redistribuídas em formas de sesmarias, através de D. Affonso de Portugal e Castro, em 22 de janeiro de 1780. As terras do padre José Ferreira de San Payo foram divididas entre três sesmeiro: José Felix da Motta, Manoel da Motta de Carvalho e Francisco Gonçalves da Motta, que residiam às margens do rio da Dona. Restando apenas aos herdeiros da família do Padre San Payo, apenas a sede da fazenda, situada, próximo a Cidade de Varzedo, no antigo ponto San Payo da antiga estrada de ferro.
Outras sesmarias foram doadas a exemplo das terras do padre João Nunes distribuídas aos franciscanos que se instalaram e fundaram São Francisco de Acaju, na sede da sesmaria por volta do ano de 1760. As terras que iam do rio Ribeirão ao rio Corta-mão ficaram com os herdeiros do padre. As terras do Rio Vermelho ficaram com o colono Souza Peixoto e as do Rio Preto, que iam das Matas do Arco-Verde até a sede da sesmaria (Fazenda Liberdade) e desta até o Cruzeiro, nas cercanias da missão jesuítica abandonada, passaram a pertencer a José Rodrigues da Costa.
O patrimônio histórico do município de São Miguel das Matas além de não ser preservado, torna-se desconhecido pela população local.
Contudo, embora seja pouco divulgado, o município possui um monumento indígena, localizado entre os municípios de São Miguel e Elísio Medrado. A Esfinge da Cachoeira do Rio Vermelho, descoberta em 31 de dezembro de1983, que tem a forma de um javali, medindo cerca de 5 metros de comprimento por 2 metros altura e 5 metros de largura, agachada nas margens do Rio Vermelho, como se estivesse a beber água. Monumento com forma bem rústica em granito cinza, construído com várias pedras superpostas, e tão perfeitamente encaixadas que, à primeira vista, dão a impressão de se tratar de um único bloco, sendo herança da civilização Tupinambá. Como descreve a arqueóloga Maria Beltrão:
A obra perfeita de engenharia foi constituída de tal forma que, em cada emenda das diversas pedras na parte superior do dorso da escultura do animal, tem uma leve depressão em forma de pequenas calhas, que permite a água da chuva correr óxido de ferro da própria pedra e a sílica, cimentando as emendas das peças de granito, inteligentemente cortadas com arestas bem definidas e encaixadas tão precisamente uma nas outra, como um quebra-cabeça e, com o artifício engenhoso da cimentação ao longo dos anos, consolidando a cada dia aquela escultura monumental, única no Brasil até a presente data. Ali plantada como testemunha da cultura dos nossos antepassados, à espera de uma melhor definição científica como a ponta de um iceberg” (Maria Beltrão, in VILAS BOAS, I.)
Um outro marco histórico do município é um cruzeiro edificado na serra do mesmo nome, ponto mais alto da cidade, que propicia uma bela vista de toda a região. No entanto, não se sabe ao certo a origem e a história desse monumento.
Quanto ao processo de urbanização não houve um planejamento, sendo visível o desordenamento nas construções. A cidade que se localiza no altiplano sul da serra da Jibóia, apresenta dois planos: o baixo, que foi formado pelas casas que margeavam a antiga linha férrea, local das primeiras habitações que deram origem à cidade e que é habitado pelas pessoas de baixo poder aquisitivo, e ao alto, o centro comercial e as residências de moradores com um poder de renda mais elevado.
A cidade possui infra-estrutura com ruas pavimentadas com paralelepípedos, coleta de lixo regular (não seletiva e sem um aterro sanitário), assistência médica através de uma Clínica particular dotada de um laboratório que presta atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde), além de um posto médico na cidade e outros na zona rural.
Sua riqueza histórica é representada no campo arquitetônico por alguns casarões de estilo colonial do século XVIII, tendo maior relevância, o que fica situado na localidade do Arco Verde. Todos os demais casarões antigos sofreram reformas ou foram demolidos para dar lugar a casas com fachadas mais modernas. O padrão de construção não é muito diferente do das demais cidades interioranas da região.
Na área de cultura e lazer, o município possui um Clube Social, com uma área de mais de 500 m² localizado no centro da cidade, construído no meado da década de 80. Dotado de infra-estrutura de primeira, espaço coberto na parte interna utilizado como espaço, das principais festas da cidade, comportando cerca de 7.000 pessoas na área externa, sendo sua capacidade interna de 1.000.
O Estádio Municipal possui uma área de mais de 300 m², tendo capacidade em sua arquibancada para mais de mil torcedores sentados. As outras dependências do estádio são: Vestiários, com banheiros e duas Cabines de Rádio.
Outros espaços disponíveis a Cultura e o Lazer no município são: A praça Zeferino Bernardes, o Salão Paroquial antiga Congregação Mariana e o Centro Catequético, que funciona na antiga instalação do Ginásio Oito de Dezembro, construído na década de 50 pela comunidade católica local, tendo como o pároco na época o Monsenhor Gilberto Vaz Sampaio. O Salão Paroquial tem estrutura de um Anfiteatro, cujo piso declinado possibilita uma excelente visão do palco. Com capacidade para cerca de 500 pessoas sentadas, já fora usado para apresentações diversas, sejam das escolas do município como também da própria igreja católica local e de outras paróquias da diocese. O e melhor estrutura para a comunidade, porém, carecendo ser mais aproveitado para atividades sócio-culturais, como, por exemplo, aulas de teatro, danças, festivais, etc. O referido salão é utilizado apenas para reuniões ou apresentações da igreja católica e da comunidade, como por exemplo, às colações de gruas dos formandos do município.
O Ginásio Oito de Dezembro, hoje Centro Catequético, tendo uma de suas salas destinadas para o Velório Paroquial. O centro catequético recebeu uma reforma geral, conservando as estruturas iniciais, atualmente tem sido utilizado para dar aulas de catequese e para realizações das reuniões da Igreja Católica, sedo este um ótimo espaço para oficinas de arte, música, teatro, pinturas, artesanatos, dentre outras.

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