O genocídio promovido por Israel contra os palestinos na Faixa de Gaza atingiu níveis alarmantes de desastre humanitário, com metade da população de aproximadamente 2,2 milhões de habitantes correndo o risco iminente de morrer de fome, de acordo com um relatório recente da ONU, informa o The New York Times. A situação é descrita como uma das piores já testemunhadas pelo economista-chefe do Programa Mundial de Alimentos, Arif Husain, que destacou a magnitude e a rapidez da crise.
Husain comparou a crise em Gaza a outros conflitos que testemunhou ao longo das últimas duas décadas, enfatizando que nunca viu algo semelhante em termos de escala e magnitude. O relatório da ONU revela que 90% da população afirma passar regularmente um dia inteiro sem acesso a alimentos.
Enquanto a comunidade internacional busca soluções para aliviar a situação, o porta-voz do governo israelense, Eylon Levy, negou que Israel esteja impedindo a assistência humanitária, culpando o grupo palestino Hamas por qualquer escassez. Levy acusou o Hamas de apropriar-se de parte da ajuda para seus próprios fins, embora não tenha apresentado evidências para sustentar a acusação.
Os números da guerra são igualmente preocupantes, com mais de 20 mil palestinos já mortos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza. A infraestrutura civil e a economia do território foram devastadas, e um cerco imposto por Israel cortou o acesso a água, comida, combustível e medicamentos.
O chefe da agência da ONU que auxilia os palestinos, Philippe Lazzarini, testemunhou pessoalmente cenas de desespero em Rafah, no extremo sul de Gaza, onde palestinos famintos saquearam caminhões de ajuda e consumiram os suprimentos ali mesmo. Lazzarini descreveu a situação como desesperadora e aterrorizante em uma coletiva de imprensa em Genebra.
A Human Rights Watch acusou Israel de punir coletivamente os civis de Gaza, usando a fome como método de guerra, o que constitui um crime de guerra potencial. O diretor de Israel e Palestina na Human Rights Watch, Omar Shakir, pediu a condenação mundial desse "crime abominável", destacando seus efeitos devastadores sobre a população de Gaza.
No início da guerra, autoridades israelenses prometeram negar ajuda humanitária a Gaza. O ministro da Defesa, Yoav Gallant, declarou um cerco completo, afirmando que "não haverá eletricidade, comida, combustível, tudo está fechado", alegando que estavam enfrentando "animais humanos" e agindo de acordo. Apesar de algumas entregas terem sido permitidas nas últimas semanas, a quantidade está significativamente aquém do necessário para atender às demandas da população, como ressalta a Dra. Guillemette Thomas, coordenadora médica em Jerusalém para Médicos Sem Fronteiras.
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