Lideranças religiosas unidas em defesa da paz, do respeito, da liberdade, da diversidade (Foto: Mateus Santana) |
Os filhos do Brasil estiveram representados na manhã desta terça-feira (10), no Jardim do Palácio do Planalto, na cerimônia de lançamento da campanha do Ministério da Cultura e da Fundação Cultural Palmares contra a intolerância religiosa. Lideranças celebraram a diversidade do Brasil e pediram mais harmonia na sociedade, cada um com seus símbolos, ritos, cantos e expressões.
O crescimento da intolerância religiosa e a agressão a pessoas devido à fé que professam foram o motivo da criação da campanha Filhos do Brasil. Inúmeros casos, principalmente contra as religiões de matriz africana, foram registrados no País nos últimos anos. Alguns deles foram lembrados no evento, como o da menina Kailane Campos (apedrejada ao sair de um culto de Candomblé) e o da Mãe Gilda, que faleceu após agressão a seu centro religioso. Em sua homenagem foi sancionada a Lei nº 11.635/2007, que institui o dia 21 de janeiro o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.
De acordo com a presidente da Fundação Cultural Palmares (instituição vinculada ao Ministério da Cultura), Cida Abreu, Filhos do Brasil faz frente a todas as ações de intolerância. "É uma campanha mais ampla que trata de direitos, de ter o direito de acreditar naquilo que você professa independentemente da sua fé, religião e da cultura", discursou ao homenagear negros, mulheres, homossexuais, indígenas e quilombolas.
O diretor da União Nacional das Entidades Islâmicas, Sheikh Mohamad Al Bukai, compartilha da relevância da campanha também contra o preconceito. "Esta é uma causa nobre para nós, mulçumanos. Nós sabemos muito bem o que é a intolerância religiosa e o preconceito. Hoje, cada um de nós não está defendendo a sua religião, mas sim todas as religiões. A diversidade deixa o Brasil muito rico culturalmente, o que deve trazer beleza e não conflito".
O cantor e compositor Arlindo Cruz é o embaixador da campanha Filhos do Brasil. Ele participou da cerimônia em Brasília e aparece nas peças, que serão veiculadas na TV e na Internet. Depoimentos representando a diversidade religiosa também estão disponíveis no hotsite.
Neutralidade do Estado
A importância da laicidade do Estado também foi lembrada pelas lideranças. A facilitadora nacional da Rede Ecumênica da Juventude, Edoarda Scherer, explicou a importância da campanha para garantir direitos às diversas vozes com objetivo comum: "o desafio ainda está em consolidar o Estado laico para que se possam efetivar os direitos daqueles que creem e dos que não creem, e que isso reverbere em diferentes fontes. A nossa proposta é que a democracia possa representar um ambiente saudável, no qual a pluralidade de vozes e de regionalidades possa coexistir".
O ministro Juca Ferreira pontuou que é papel do Estado o cuidado de estimular o ambiente de respeito com repressão às ações de intolerância. "O direito à religião ou à falta dela está previsto na Constituição Federal e há que se respeitar a fé do outro e inclusive, a falta dela, estimulando o respeito mútuo", disse ao salientar que a religiosidade de um povo é traço importante de sua Cultura.
Diversidade e convivência
Como nação pluralista, o Brasil reúne inúmeras práticas religiosas, reflexo de uma população culturalmente diversa que reúne ampla gama de valores, comportamentos e identidades. Este encontro pode mostrar como cada religião colabora e incentiva a coexistência das diferentes práticas de fé e a convivência harmônica entre os filhos do Brasil.
"Compreendemos que, a partir da graça amorosa de Deus, todos somos seus filhos e filhas, independentemente da profissão de fé que a pessoa assuma. Todos somos amados por Deus e podemos amá-lo por várias compreensões", declarou a pastora luterana Romi Márcia Bencke, do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs.
Franklin Felix, coordenador do movimento Espírita pelos Direitos Humanos, acredita que a campanha fortalece o respeito às diversas religiões no Brasil, já que o espiritismo acredita na pluralidade das existências em suas mais infinitas manifestações. "É preciso entender que a religião deve tornar as pessoas melhores, em que consigam contribuir para um mundo mais justo e plural com uma relação de respeito para diminuir a atmosfera de ódio entre si".
O Zelador Cultural Candieiro, que é membro do Conselho Nacional de Política Cultural, explica que as religiões de matriz africana pregam o amor. "A nossa prática é a nossa crença".
Participe da campanha nas redes sociais e mostre que você também faz parte dos #FilhosdoBrasil.
Fonte : cultura.gov.br
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