
Após a repercussão negativa do vídeo em que aparece dizendo que “odeia pobre”, o pastor bolsonarista Nicoletti, da Igreja Recomeçar de Foz do Iguaçu-PR, se manifestou dizendo que suas falas foram tiradas de contexto.
Em entrevista ao UOL, explicou que não odeia pessoas pobres, mas sim a pobreza enquanto sistema de opressão. “Sempre preguei que odeio a pobreza, não o pobre. A pobreza mata sonhos, destrói famílias e impede que a pessoa viva o propósito de Deus. Minha mensagem é de libertação em todas as áreas, inclusive financeira”, afirmou.
Ele também pediu desculpas por ter chamado Lula de ladrão, dizendo que foi uma expressão pessoal de indignação e que não representa a posição oficial da Igreja Recomeçar. “Reconheço que não foi uma fala adequada. Peço desculpas. A igreja respeita a autoridade civil e preza pelo diálogo, mesmo em discordâncias políticas.”
Visão sobre assistência social
Nicoletti afirmou não ser contra programas sociais como o Bolsa Família, mas criticou o que considera um discurso político de dependência. Para ele, a esmola, quando não promove transformação real, perpetua a escravidão econômica. “A Bíblia ensina a socorrer o necessitado, mas também a capacitar. Ajudar sem libertar é escravizar. Entendo que ajuda emergencial é necessária e nossa igreja realiza ações sociais, mas trabalhamos para ampliar a mentalidade das pessoas, não para criar dependência.”
Em sua argumentação, o pastor defendeu que Jesus nunca viveu em miséria. Citou passagens bíblicas que, segundo ele, comprovam a provisão divina na vida de Cristo, como os presentes recebidos dos magos (ouro, incenso e mirra), a túnica sem costura de alto valor, o fato de ter um tesoureiro entre os discípulos e os milagres de multiplicação de alimentos. “Não estou dizendo que Ele era rico como se entende hoje, mas que nunca foi escravizado pela escassez. Essa liberdade é a herança dos filhos de Deus”, declarou.
Church software
História de vida
Nicoletti relatou ainda sua experiência pessoal com a pobreza. Nascido em 1981, em Planalto (PR), cresceu em um vilarejo rural e enfrentou a fome na infância. “Eu sei o que é não ter o que comer, o que vestir, sentir vergonha por não ter nada. Cresci no meio da roça, com os pés descalços na terra. Essa realidade me marcou profundamente”, contou.
Para o pastor, a missão da igreja deve ir além do espiritual, incluindo transformação social e econômica. “A igreja existe para pregar arrependimento e salvação, mas também para capacitar pessoas a romper ciclos de escassez e viverem com dignidade, gerando recursos e impactando a sociedade”, concluiu.
0 Comentários