
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul já identificou suspeitos do assassinato da vereadora Elisane Rodrigues dos Santos (PT), morta brutalmente na manhã de terça-feira (17) em Formigueiro, cidade da Região Central do estado. Aos 49 anos, Elisane foi encontrada com múltiplas facadas no pescoço e no tronco, ao lado de seu carro, uma caminhonete Fiat Strada branca, em uma estrada rural. Ela era a única mulher na Câmara de Vereadores do município e estava em seu primeiro mandato.
Segundo a investigação, não houve roubo de pertences, o que descarta a hipótese de latrocínio. A bolsa da vereadora com carteira, celular, cartões e dinheiro foi encontrada junto ao corpo. A polícia trabalha com a suspeita de que ela tenha sido atraída até o local por alguém próximo, ainda na madrugada.
“Suspeitamos que as agressões tenham começado dentro do carro, já que há sangue no para-brisas e no banco. Imagino que ela tenha caído ao lado do carro depois”, explicou o delegado responsável pelo caso, Antonio Firmino de Freitas Neto.
Polícia já tem suspeitos e trabalha com várias hipóteses
A delegacia de Formigueiro recebeu reforço de agentes da Delegacia Regional de Santa Maria, e diversas perícias já foram realizadas. A linha de investigação principal aponta para crime premeditado, possivelmente com motivações pessoais, políticas ou de gênero.
“Há várias linhas de investigações e nenhuma motivação está descartada. Todos os esforços estão sendo feitos no sentido de apontar a autoria e prender os autores o mais rápido possível”, afirmou o delegado.
Ainda não há imagens de câmeras de segurança da área, o que dificulta o avanço imediato da apuração. O corpo foi levado para Santa Maria, onde passa por exames no Instituto-Geral de Perícias.
Atuação política e homenagens
Elisane era técnica de enfermagem e auxiliar de análises clínicas, atuava no hospital local e foi homenageada em março pela Assembleia Legislativa do RS com o Prêmio Mulheres de Luta 2025, por sua atuação em defesa da saúde pública, da causa Quilombola e da justiça social.
Sua trajetória inspirava mulheres de toda a região. Segundo Marina Callegaro, coordenadora da Força-Tarefa de Combate aos Feminicídios da Região Central do RS:
“Ela era uma mulher que enfrentava com coragem o machismo institucional da política e que representava tantas outras mulheres da sua cidade, abrindo caminhos e ocupando um espaço historicamente negado a nós”.
Indignação e apelos por justiça
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, declarou que o crime precisa ser tratado com seriedade e pediu apuração célere.
“A violência que atinge mulheres no Brasil, dentro e fora da política, é inaceitável. O feminicídio precisa ser enfrentado com seriedade! Esperamos que as investigações esclareçam o que está por trás desse crime e que os culpados sejam punidos. Nossa solidariedade à família, aos amigos e à comunidade”.
A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) reforçou que todas as motivações devem ser consideradas na investigação:
“Como relatora da Comissão de Feminicídio, afirmo: todas as motivações — feminicídio, política, ódio — devem ser investigadas com máximo empenho. Nossa luta é para cessar todo e qualquer tipo de violência contra as mulheres. Justiça por Elisane!”.
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