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Reconvale Noticias | Quando os socialistas fazem o “L”


Em vinte anos, o Psol foi de oposição intransigente a base fiel do governo Lula. Agora, vai reescrever seu programa partidário para se adaptar aos novos tempos


Era junho de 2004 e o governo Lula, iniciado havia pouco mais de um ano, acelerava “a rota para o precipício”. Assim dizia (ainda diz) o quinto parágrafo do programa do Partido Socialismo e Liberdade, o Psol. Aprovado em uma convenção com cerca de setecentos militantes, em pleno domingo, no Minas Brasília Tênis Clube, o texto inaugurou “a verdadeira oposição ao governo Lula”, nas palavras do então deputado federal Babá. O mundo só recebeu a notícia no dia seguinte, quando, postados em frente a um pôster de Che Guevara, no Senado, um trio de parlamentares – Luciana Genro (RS), Heloísa Helena (AL) e, claro, Babá (PA) – anunciou a criação do partido. Os três, mais o então deputado federal João Fontes (SE), haviam sido expulsos do PT meses antes por terem votado contra a reforma da previdência encampada por Lula.
O governo, contrariando quem esperava gulags e expropriações, vinha seguindo a cartilha da austeridade preconizada pelos economistas liberais. Cortou gastos e podou aposentadorias. Por razões de disciplina partidária, e com aval do presidente, o PT defenestrou os parlamentares que se opuseram a essa agenda. A solução encontrada por eles foi fundar um novo partido, o 29º da democracia brasileira àquela altura. Demorou um ano até que coletassem o mínimo de 450 mil assinaturas exigido pelo Tribunal Superior Eleitoral. Pretendiam escolher o 10 como número de urna, mas, por questão de dias, perderam-no para o bispo Edir Macedo, que acabava de fundar seu Partido Municipalista Renovador – hoje Republicanos. O Psol se contentou com o 50.
Ziraldo, simpático à causa, desenhou o Sol sorridente que até hoje serve de logotipo para o partido. “Renasceremos a cada dia como um Sol”, prometeu a então senadora Heloísa Helena, segundo registrou a Folha de S.Paulo. Nesses primeiros dias, Helena ainda se referia à agremiação como “o partido do Sol”. Em 2006, apelando ao eleitorado à esquerda de Lula, ela se candidatou a presidente e levou quase 7% dos votos, um percentual que a legenda, desde então, nunca esteve perto de igualar.
Era junho de 2004 e o governo Lula, iniciado havia pouco mais de um ano, acelerava “a rota para o precipício”. Assim dizia (ainda diz) o quinto parágrafo do programa do Partido Socialismo e Liberdade, o Psol. Aprovado em uma convenção com cerca de setecentos militantes, em pleno domingo, no Minas Brasília Tênis Clube, o texto inaugurou “a verdadeira oposição ao governo Lula”, nas palavras do então deputado federal Babá. O mundo só recebeu a notícia no dia seguinte, quando, postados em frente a um pôster de Che Guevara, no Senado, um trio de parlamentares – Luciana Genro (RS), Heloísa Helena (AL) e, claro, Babá (PA) – anunciou a criação do partido. Os três, mais o então deputado federal João Fontes (SE), haviam sido expulsos do PT meses antes por terem votado contra a reforma da previdência encampada por Lula.
O governo, contrariando quem esperava gulags e expropriações, vinha seguindo a cartilha da austeridade preconizada pelos economistas liberais. Cortou gastos e podou aposentadorias. Por razões de disciplina partidária, e com aval do presidente, o PT defenestrou os parlamentares que se opuseram a essa agenda. A solução encontrada por eles foi fundar um novo partido, o 29º da democracia brasileira àquela altura. Demorou um ano até que coletassem o mínimo de 450 mil assinaturas exigido pelo Tribunal Superior Eleitoral. Pretendiam escolher o 10 como número de urna, mas, por questão de dias, perderam-no para o bispo Edir Macedo, que acabava de fundar seu Partido Municipalista Renovador – hoje Republicanos. O Psol se contentou com o 50.
Ziraldo, simpático à causa, desenhou o Sol sorridente que até hoje serve de logotipo para o partido. “Renasceremos a cada dia como um Sol”, prometeu a então senadora Heloísa Helena, segundo registrou a Folha de S.Paulo. Nesses primeiros dias, Helena ainda se referia à agremiação como “o partido do Sol”. Em 2006, apelando ao eleitorado à esquerda de Lula, ela se candidatou a presidente e levou quase 7% dos votos, um percentual que a legenda, desde então, nunca esteve perto de igualar.
Hoje, tendo completado vinte anos, o partido do Sol se vê em circunstâncias muito diferentes. Está mais próximo do PT do que jamais esteve e conta uma ministra na Esplanada – Sonia Guajajara, à frente do Ministério dos Povos Indígenas. Não sem brigas, o partido decidiu não lançar candidato a presidente em 2022, fato inédito em sua história, e aderiu prontamente à coalizão de Lula. Agora bambeia diante da possibilidade de assumir mais um ministério, já que corre em Brasília o rumor de que Guilherme Boulos, deputado federal e principal liderança do partido, assumirá a Secretaria-Geral da Presidência, hoje nas mãos de Márcio Macêdo (PT). Caso o faça, passará a despachar do quarto andar do Palácio do Planalto, um acima de Lula.
O assunto é tabu. “A gente ainda está tentando entender se é uma possibilidade ou uma especulação”, disse Paula Coradi, presidente do Psol. Topar o cargo não será, segundo ela, uma contradição com os ideais do partido. “Tudo partiria de um diálogo para entender o nosso papel e quais seriam as expectativas em torno de uma presença maior nossa no governo.” Boulos não comenta. À piauí, disse apenas que compor a base do governo Lula é “raciocínio simples e ao mesmo tempo decisivo para nós”.
O dilema talvez explique por que, pela primeira vez, o Psol fará agora uma revisão do programa partidário aprovado em 2004. A justificativa oficial é de que o texto precisa refletir os novos tempos. Muita coisa mudou, no mundo e na esquerda, nesses vinte anos. “Nosso programa fala da Alca [Área de Livre Comércio das Américas], que já foi derrotada há muito tempo”, disse Juliano Medeiros, que presidia o Psol até 2023 e está engajado nas discussões do novo programa. Outros anacronismos, como as críticas a Lula, ele defende que também sejam deletados do texto. “Por que vamos citar no programa do partido uma pessoa que nem é do nosso partido? Não faz sentido.”
Programas partidários são uma exigência da Justiça Eleitoral e servem para que a legenda diga à sociedade a que veio. Ali estão as ideias que a inspiram, as propostas que defende, os objetivos que almeja. O cidadão que perscrutar as 5.836 palavras do programa do Psol saberá que o partido apregoa a reforma agrária, o confisco dos bens de corruptos e sonegadores, o combate ao racismo e à homofobia, a democratização dos meios de comunicação e, como horizonte final, a transição para o socialismo.
Parte 1, item 3: “Rechaçar a conciliação de classes e apoiar as lutas dos trabalhadores.” Não está claro se, com a adesão à frente ampla capitaneada por Lula, a frase sobreviverá intacta no programa do Psol. As discussões sobre o novo texto começarão em abril e vão ser divididas em cinco eixos temáticos: socialismo do século XXI; democracia, direitos humanos e sociais; crise climática e transição ecológica; mundo do trabalho e modelo econômico; lutas sociais e políticas do nosso tempo.

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