
Parece cena de comédia pastelão, mas é a pura vida real. O clã Bolsonaro vem amargando uma derrota atrás da outra na tentativa de livrar o ex-presidente de extrema direita da cadeia. Primeiro convocam um ato para mostrar força e o que se vê é meia dúzia de gatos pingados radicalizados na orla de Copacabana, ampliando a impressão de isolamento da família. Depois, o filho “03”, Eduardo, abandona o mandato e vai morar nos EUA às pressas com o argumento de que lá exerceria sua influência sobre Donald Trump, o convencendo a impor taxas e sanções draconianas contra o Brasil, para destroçar o governo Lula e o STF. Só que o que se viu foi uma “taxinha” de 10% que ainda colocou o país no rol dos menos tarifados no mundo.
Em meio à tormenta e às tentativas frustradas de reverter o quadro dramático de Bolsonaro, Eduardo e seus cupinchas na Câmara e no Senado dão então o golpe final: uma pressão insuportável sobre os congressistas para que o PL da anistia aos criminosos do 8 de Janeiro de 2023, incluindo aí o líder máximo da seita, seja votado diretamente no plenário da Câmara, em caráter de urgência. De novo, não deu certo. Mas agora trouxe ainda um baita problemão para o bolsonarismo.
Obstruindo a pauta da Câmara por semanas, soltando seu canil de fanáticos para partir para cima do presidente da Casa, Hugo Mota (Republicanos-PB), nas redes e praticamente ameaçando líderes dos partidos e deputados para que assinassem logo o requerimento de urgência do PL da anistia, o que Jair Bolsonaro e o filho fujão conseguiram foi apenas uma rebelião entre os pares do Centrão. Sim, o enquadro grotesco exigindo fidelidade de quem não deve fidelidade alguma ao bolsonarismo acabou por gerar uma séria crise que só agrava ainda mais a situação do antigo ocupante do Palácio do Planalto.
Líderes de partidos como o Republicanos, PP, PSD, Patriota e outros se enfureceram com as investidas desarrazoadas de deputados bolsonaristas exigindo que eles coloquem de uma vez seus nomes e os de suas bancadas na tal lista. O próprio Motta, que tem acordos com o governo Lula e já deixou claro que não dará visibilidade a essa pauta, já pediu encarecidamente os comandantes das siglas para que não assinem o pedido, o que foi obedecido por todos.
Diante disso, o que se tem apurado é que o clima desses parlamentares em relação ao assunto da anistia é o pior possível, primeiramente porque eles não querem o tal Projeto de Lei, e depois porque consideram que não estão na Câmara para ficar cumprindo ordens desses delinquentes radicais. Outro fato problemático também é que qualquer resquício de boa vontade com Bolsonaro está se esvaindo. Alguns até cogitavam, se tivesse algum lucro com isso, claro, apoiar uma passada de pano para o ex-presidente extremista, mas agora, com esse cenário de cobrança e a encheção de saco diária, entendeu que devem deixar o “capitão” sangrando na pista, até que finalmente seja julgado, condenado e preso.
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