O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou, nesta quinta-feira (30), que sua prioridade em 2025 será consolidar os projetos do governo, deixando a sucessão presidencial em segundo plano. Em entrevista coletiva, ele afirmou que quer transformar o próximo ano na “melhor colheita” de sua gestão, destacando avanços econômicos, investimentos industriais e estabilidade fiscal. [Abaixo, você confere a íntegra da conversa com a imprensa.]
Eleições em segundo plano
Questionado sobre as articulações para 2026, Lula minimizou a importância do tema neste momento e disse que sua preocupação central é garantir que os programas de governo alcancem resultados concretos. “O meu desafio agora é fazer de 2025 o ano da melhor colheita”, afirmou, apostando que as entregas do governo serão determinantes para sua popularidade e para a base aliada na disputa presidencial.
Lula também sinalizou que manterá um canal mais aberto com a imprensa, intensificando entrevistas coletivas para “derrotar definitivamente a mentira”, referindo-se à proliferação de fake news.
Crescimento econômico e estabilidade fiscal
O presidente destacou o desempenho da economia em 2024, com crescimento do PIB acima das previsões iniciais. Segundo ele, a economia brasileira pode fechar o ano com alta de até 3,7%, contrariando projeções iniciais de 1,5%.
“A indústria brasileira voltou a crescer, com forte investimento público e privado, especialmente na Nova Indústria Brasil, coordenada por Geraldo Alckmin”, ressaltou.
Sobre a responsabilidade fiscal, Lula defendeu a gestão econômica do governo e destacou que o déficit de 2024 foi de apenas 0,1%, o que considera “déficit zero”, comparado aos 2,5% herdados da administração anterior. Ele garantiu que não haverá medidas fiscais abruptas e rejeitou cortes que prejudiquem os mais pobres.
“Queremos responsabilidade fiscal, mas sem fazer o povo pobre pagar por isso”, declarou.
Diesel e reajustes
Lula negou que tenha autorizado um aumento no preço do diesel, mas afirmou que a decisão cabe à Petrobras. Mesmo com um possível reajuste, ele garantiu que o valor do combustível seguirá abaixo do registrado em dezembro de 2022.
A política de preços da Petrobras tem sido um ponto de debate dentro do governo, especialmente em meio à necessidade de equilibrar os interesses dos caminhoneiros e do mercado internacional.
Eleições no Congresso e emendas parlamentares
Sobre a sucessão nas presidências da Câmara e do Senado, Lula evitou tomar partido e disse que respeitará qualquer resultado. “Não me meto em eleição da Câmara e do Senado. Quem ganhar, eu vou respeitar”, afirmou, ao comentar os nomes de Hugo Motta (Republicanos) e Davi Alcolumbre (União Brasil) como favoritos para os postos.
Ele também comentou a disputa judicial envolvendo emendas parlamentares, destacando que elas foram uma “conquista dos parlamentares num governo irresponsável”, referindo-se à gestão Bolsonaro. Segundo ele, o Supremo Tribunal Federal (STF) está ajudando a reorganizar essa questão e o governo buscará um acordo definitivo sobre a destinação desses recursos.
COP 30 e mudanças climáticas
Lula reforçou a importância da COP 30, que será realizada no Brasil em novembro, e cobrou um compromisso real dos países com medidas ambientais concretas. “Se não fizermos algo forte, essas COPs vão ficar desmoralizadas”, alertou.
Para ele, a transição energética precisa ser levada a sério, evitando discursos vazios. O presidente quer usar o evento para fortalecer o protagonismo do Brasil na agenda ambiental global.
Tensões comerciais com os EUA
O presidente também comentou as declarações do americano Donald Trump, que ameaçou sobretaxar produtos brasileiros. Lula reagiu com pragmatismo: “Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil. Simples assim”.
As relações comerciais entre Brasil e EUA foram marcadas por tensão durante a gestão Bolsonaro, na gestão do democrata Joe Biden, e a nova administração Trump pode reaquecer embates sobre tarifas e acordos bilaterais.
Perspectivas para 2025
Ao final da coletiva, Lula reforçou que seu objetivo principal é entregar resultados concretos antes de entrar na disputa eleitoral. Ele acredita que os frutos colhidos em 2025 consolidarão a base política de seu governo e aumentarão a viabilidade de um sucessor em 2026.
“Não me preocupo com pesquisa. O que importa é entregar o que eu plantei agora”, concluiu.
0 Comentários