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Sertanejos fazem a festa com dinheiro público em pequenas cidades do interior | Reconvale Noticias



Soube-se nos últimos dias que alguns críticos da Lei Rouanet mamam nas tetas de governos municipais e desenvolvem seus próprios esquemas para encher os bolsos de dinheiro público. E ficou a suspeita generalizada de superfaturamento de shows de artistas sertanejos, especialmente, pelo interior do Brasil. Tudo começou porque o cantor Zé Neto, parceiro de Cristiano, criticou a lei federal de incentivo à cultura e ofendeu a cantora Anitta de maneira acintosa.
O que veio em troca foi a denúncia de que artistas como o próprio Zé Neto cobram fortunas por shows realizados em cidades minúsculas e paupérrimas, tirando comida da boca do povo para promover suas composições de gosto duvidoso. Quem mais brilha nesse ambiente de permissividade e gastos exorbitantes é o cantor Gusttavo Lima, bolsonarista convicto, que recebeu, por exemplo, R$ 800 mil por uma apresentação, em dezembro, em São Luiz, no sul de Roraima, cidade pobre com 8,2 mil habitantes. Outros R$ 800 mil saíram dos cofres da prefeitura de Campos Gerais (MG), de 17 mil habitantes, para bancar um show de Lima na Festa do Peão da Cidade, em 15 de setembro.
Pela lei, não há necessidade de realizar licitação para as prefeituras contratarem artistas profissionais reconhecidos pela opinião pública para shows. Entende-se que suas apresentações são um serviço único.
Mas o que se faz Brasil afora é um disparate, com despesas inexplicavelmente altas, sem critério de valor e uma evidente inversão de prioridades. São inevitáveis os abusos, com suspeitas de superfaturamento e esquemas secretos.
Certamente, ao contrário do que dizem os artistas bolsonaristas, a falta de governança desses negócios entre sertanejos e prefeituras se mostra um problema muito mais grave do que o da Lei Rouanet. Ao longo da semana, o Ministério Público (MP) reagiu em cinco estados, no que foi apelidado de CPI do Sertanejo, cancelando shows e pedindo informações mais completas sobre os critérios de contratação de artistas. Na quarta-feira, o MP do Rio Grande do Norte pediu à Justiça o cancelamento de shows de Wesley Safadão e Xand Avião, marcados para acontecer nas festas juninas da cidade de Mossoró. Os promotores querem destinar o cachê dos cantores à educação.
O MP do Rio de Janeiro abriu dois inquéritos para investigar possíveis irregularidades na contratação de artistas para se apresentarem nos festejos de aniversário de 457 anos do município de Magé. Entre os contratados está Lima, que vai receber R$ 1 milhão por uma apresentação de 1h30 de duração na quarta-feira, 8. O pagodeiro Belo também cantará por R$ 180 mil.
Gusttavo Lima é um bolsonarista engajado que faz algum afago no presidente sempre que pode. Em Brasília, no final de maio, o locutor de seu show no Estádio Mané Garrincha passou a fazer um discurso de viés político contra o comunismo.
O frigorífico do qual é sócio, o Goiás, foi o fornecedor da picanha de R$ 1.799, de gado japonês wagyu, para um churrasco de Dia das Mães que Bolsonaro promoveu no ano passado. Para se defender das acusações de exploração de prefeituras pobres, Lima apareceu chorando em uma live, dizendo que não agüenta mais tanta pressão e que não tem obrigação de fiscalizar as contas dos municípios para saber a origem do dinheiro que paga seus shows.
“Eu nunca me beneficiei de dinheiro público”, afirmou. Na mente dos sertanejos, dinheiro de prefeituras não é público. Com esse argumento furado, um dos que saíram à defesa de Lima e de outros artistas envolvidos na farra foi o cantor Sérgio Reis, que declarou, em entrevista à Folha de S.Paulo, que as verbas das prefeituras são “dinheiro para o público e não dinheiro público”.
Nem se considera o fato de que esses recursos que vão bancar as apresentações dos artistas são retirados de áreas fundamentais, como educação e saúde. Prefeituras que mal conseguem manter programas sociais em pé apostam nessa política de pão e circo. Enquanto a maioria dos artistas brasileiros sofre com o desmonte da cultura, alguns sertanejos privilegiados e dedicados a espezinhar a Lei Rouanet fazem sua festa nos municípios do interior.
                                                                                       Fonte: IstoÉ

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