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Brasil - Às vésperas da explosão do desemprego e da pobreza



Kupfer: Fracasso com vacina terá efeito dominó negativo na economia e no emprego. MAIS - Equipe econômica avalia que atual cenário não exige auxílio emergencial. Crimes de responsabilidade. A posse de Biden (EUA) e Bolsonaro. Trump fora etc.

O preço do negacionismo do presidente Jair Bolsonaro, em relação à pandemia de Covid-19, que se dissemina por seu governo, ainda não pode ser inteiramente calculado, comenta José Paulo Kupfer. Mas já é possível arriscar uma ideia de quanto custará. Ninguém duvide de que será bastante alto. Nem se fale em vidas perdidas, já acima de 200 mil brasileiros, ou em infectados, um total que já passa de 8,5 milhões, muitos com sequelas irreversíveis. Essa é uma conta que, infelizmente, ainda está longe de chegar ao fim, e não tem preço.

Na economia - e, em consequência, nos empregos, padrão de vida e bem-estar dos cidadãos -, no entanto, os prejuízos podem ser contabilizados. Eles se avolumam e mostram tendência de se tornarem gigantescos.

O atraso no início efetivo da aplicação das doses, a provável intermitência na imunização, por falta de vacina, e, enfim, a incompetência logística que produzirá o prolongamento do processo, transbordando o fim do ano, estão na raiz das previsões de um PIB (Produto Interno Bruto) menor do que o inicialmente estimado.

O grupo financeiro francês BNB Paribas, oitavo no ranking mundial, e com atuação em 72 países, por exemplo, enviou a seus clientes, nesta terça-feira (19), um relatório em que rebaixa sua projeção de crescimento da economia em 2021, ao mesmo tempo em que eleva a estimativa da inflação. Nas avaliações do BNB Paribas, a abrangência e a velocidade da vacinação será insuficiente para impedir que a segunda onda de contágio promova paralisações e interrupções na atividade econômica.

É um diagnóstico semelhante ao do economista Affonso Celso Pastore, referência em análise de conjuntura no Brasil. Em boletim a clientes de sua consultoria, na segunda-feira (18), Pastore resumiu assim as dificuldades que farão as projeções para a evolução do PIB em 2021 descerem para 3%.

Um estudo contrafactual, elaborado pelo economista Bráulio Borges, da consultoria LCA, a pedido do site jornalístico Jota, deixa evidente o quanto os furos nos esquemas de vacinação podem afetar, negativamente, a recuperação da economia e dos empregos. De acordo com o trabalho, se 70% da população fossem vacinados até agosto, o PIB poderia crescer 5,5% em 2021, recuperando a perda de 2020 com alguma sobra. Se esses 70% da população fossem vacinados até junho, a expansão da atividade poderia chegar a 7%, neste ano.

Nenhuma das duas possibilidades, pelo menos na situação de momento, pode ser considerada viável.

Ao liderar, ativamente esse movimento negacionista, Bolsonaro fez o país apostar numa única vacina, e boicotou esforços de governadores na negociação de outros imunizantes. Além disso, bombardeou negociações com países fabricantes, em especial a China, país alvo de provocações sem sentido dele e de seu filho Eduardo, presidente da Comissão de Relações Exteriores, da Câmara dos Deputados, e do chanceler Eduardo Araújo. O resultado será um efeito dominó dramático. Potencializando mortes e infecções, como consequência de um colapso hospitalar que chegou ao ponto de se transformar em crise humanitária, constrangerá a economia, podendo promover uma explosão do desemprego e da pobreza. (...) (UOL)

Equipe econômica teme avanço da Covid, mas avalia que atual cenário não exige auxílio emergencial

Principais candidatos à presidência da Câmara, Baleia e Lira falaram sobre possibilidade de medida voltar, escreve Fábio Pupo.

A equipe econômica tem acompanhado o crescimento dos casos de Covid-19 no Brasil com preocupação. O time do ministro Paulo Guedes (Economia) avalia que a situação tem se agravado e sinais vermelhos estão se acendendo.

Mesmo assim, membros da equipe consideram o cenário atual diferente daquele observado em meados do ano passado e dizem que o momento não demanda medidas como o auxílio emergencial.

Um novo auxílio emergencial, pagamento feito à população de abril a dezembro de 2020 —e de forma residual neste mês—, voltou à discussão após os principais candidatos à presidência da Câmara mencionarem a possibilidade de relançar a medida.

Apesar de não descartarem o auxílio emergencial em uma situação extrema, integrantes do time de Guedes veem por enquanto a atividade se movimentando mesmo com a existência da pandemia e sem o auxílio. (...) (Folha de S. Paulo)

Após novas falhas do governo Bolsonaro, governadores se articulam para ter vacina por conta própria

Governadores negociam diretamente com laboratórios, mas não conseguem concretizar as aquisições.
As sucessivas falhas do governo Jair Bolsonaro no planejamento nacional de vacinação contra o coronavírus fizeram governadores retomar articulações para buscar saídas que não dependam do governo federal. Querem saber por escrito de Eduardo Pazuello (Saúde) qual é o teto de vacinas que pretende comprar, dando liberdade para que possam correr por fora. Nos bastidores, governadores negociam diretamente com laboratórios, mas não conseguem concretizar as aquisições.

No ano passado, a postura negacionista do governo já tinha levado estados a buscar alternativas. Em outubro, no entanto, Pazuello apareceu e deu declaração assertiva de que o ministério compraria todas as vacinas que fossem aprovadas pela Anvisa, o que deu certa tranquilidade aos gestores.

O fracasso do voo para a Índia, as promessas em vão e os problemas diplomáticos com a China tiraram de novo as esperanças.

Nos bastidores, governadores relatam que têm tentado fazer as compras, mas os fornecedores estão cobrando valores muito altos ou querendo vender em quantidades muito grandes, inviabilizando as aquisições, por ora.

A ideia de ter por escrito o número máximo de vacinas que o governo pretende comprar é para os estados terem um documento para convencer as fornecedoras a fazerem vendas individuais. (...) (Painel-Folha de S. Paulo)

Bolsonaro e Doria melaram a distribuição de vacinas no Brasil

A verdade é que tanto o presidente Bolsonaro como o governador de São Paulo, João Doria, têm culpa na incerteza em que se transformou o programa de vacinação contra o coronavírus no Brasil, opina Tales Faria. Bolsonaro pode ter um pouco mais de culpa pelo fato de ser o presidente da República e, por isso, deter uma responsabilidade maior com o país. Mas a briga política entre ele e Doria é obra de ambos. E a inclusão da pandemia e do programa de vacinação no centro dessa briga política, também. Vale lembrar que os dois têm deixado clara sua disposição de concorrer às eleições presidenciais de 2022. São candidatos à Presidência da República e já estão em campanha.

Com as eleições de 2022 em vista, João Doria a todo instante quis usar o acordo com a farmacêutica chinesa Sinovac, para a produção da CoronaVac pelo Instituto Butantan, como um instrumento de provocação contra o governo federal. Deixou claro que estava mais avançado do que o Planalto nos preparativos. Bolsonaro aceitou de bom grado a provocação. E trucou! Alardeou que a "vacina chinesa" não prestava, e que ele fecharia contratos de compra de vacinas com potências ocidentais. O presidente partiu para um acordo da Astra-Zêneca com a Fiocruz, do Rio de Janeiro, para a produção do Brasil de uma vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford. Pura besteira discutir de qual país venha a vacina. Boa parte dos insumos para a produção das principais potências ocidentais é produzida pela China e pela Índia.

O resultado da brincadeira é que se iniciou um programa de vacinação no país inteiro com as insuficientes doses da vacina de São Paulo. Sem a menor certeza de que haverá vacinas, insumos e acessórios prosaicos, como seringas, suficientes para a continuidade da vacinação nos prazos determinados pela medicina. Com o agravante de que a China foi xingada por tantas vezes pelo presidente brasileiro, por seu filho Eduardo Bolsonaro e pelo chanceler Ernesto Araújo, que as autoridades daquele país não têm a menor pressa em autorizar a exportação de seu produto para o Brasil. Estamos numa sinuca de bico por culpa de dois dos nossos principais líderes políticos, o governador de São Paulo e o presidente da República. Quanto ao povo e sua saúde... Bem, que fique em casa e use máscaras por mais tempo. Pelo tempo que for possível. (...) (UOL)

Brasil registra 1.183 novas mortes e tem 13 estados com alta na média

O Brasil voltou a registrar mais de mil mortes por covid-19 em um intervalo de 24 horas. Foram cadastrados 1.183 novos óbitos causados pela doença de ontem para hoje, chegando a um total de 211.511 mortes desde o início da pandemia. O levantamento foi feito pelo consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte e que tem como base dados das secretarias estaduais de Saúde. Na última semana, pelos dados do consórcio, houve cinco dias seguidos com mais de mil novas mortes confirmadas em um período de 24 horas. Entre 12 e 16 de janeiro, foram 1.109, 1.283, 1.151, 1.131 e 1.039, respectivamente.

Com isso, 969 óbitos foram registrados em média nos últimos setes em todo o país, o que representa uma variação de 33% na comparação com 14 dias anteriores. Já são doze dias com tendência de aceleração no Brasil. Os números não indicam quando as mortes ocorreram, mas, sim, quando passaram a constar do balanço oficial dos estados. Das regiões, apenas o Norte (96%) e o Sudeste (52%) apresentaram aceleração. As demais tiveram estabilidade em 14 dias: Centro-Oeste (-3%), Nordeste (14%) e Sul (-11%). (...) (UOL)

Anvisa: documentos de 2º pedido de uso emergencial da Coronavac são satisfatórios

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concluiu de forma "satisfatória" a primeira avaliação dos documentos encaminhados pelo Instituto Butantan referente ao segundo pedido de autorização de uso emergencial da Coronavac, vacina contra a Covid-19 desenvolvida em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. O instituto brasileiro pediu autorização para o uso de mais 4,8 milhões de doses do imunizante, escreve Marlla Sabino (Estadão Conteúdo).

A estimativa é que a agência leve no máximo 10 dias para avaliar os pedidos de uso emergencial, mas, neste caso, pode ser mais célere. Isso porque parte dos documentos sobre o produto já foi analisada pelo órgão ao liberar o uso de 6 milhões de doses do imunizante no último domingo, 17. A vacina já foi distribuída nos Estados e Distrito Federal.

De acordo com a agência, os dois pedidos são semelhantes, mas contêm diferenças importantes. O primeiro pedido era sobre vacinas importadas prontas. Já este, que ainda está em avaliação, trata de doses envasadas pelo próprio Butantan e em uma embalagem diferente. "Muitos documentos, estudos e dados são comuns aos dois pedidos. Não haverá retrabalho." (...) (UOL)

Campanha pela vacina une a classe artística

Lançada pela Associação dos Produtores de Teatro (APTR), a campanha “Vacina Já” mostra diversos artistas, entre eles, Herson Capri, Beth Goulart, Marcos Caruso e Françoise Forton, em um vídeo incentivando a vacinação contra a Covid-19. Nele, os atores aparecem levantando a manga da camiseta, e um selo “Vacina Já” é estampado em seus braços. “Vivemos uma guerra contra o vírus. Antes só tínhamos máscaras, distanciamento social e higienização das mãos. Agora, com apoio da ciência, temos a vacina”, afirma Eduardo Barata, presidente e produtor da APTR
A campanha é importante, segundo ele, porque, enquanto o governo só mostra o negacionismo, “nós dizemos que a vacina é amor, é saúde, é liberdade, é vida”, afirma Barata. (...) (Correio da Manhã, RJ)

Fechada há um ano pelo governo Bolsonaro, Fafen-PR poderia produzir 30 mil metros cúbicos de oxigênio por hora

Enquanto os pacientes com Covid dos hospitais de Manaus estão morrendo sufocados pela falta de cilindros de oxigênio, em meio ao colapso do sistema de saúde, diante de mais um pico da pandemia no estado do Amazonas, a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobrás no Paraná poderia estar produzindo 30 mil metros cúbicos de oxigênio por hora. Isso daria para encher 30 mil cilindros hospitalar pequenos, com capacidade média de 20 inalações de 10 minutos.

A fábrica, no entanto, está fechada há um ano, com equipamentos se deteriorando, enquanto a população sofre as consequências da desindustrialização causada pelo governo Bolsonaro. “A Fafen-PR tem uma planta de separação de ar, que, com uma pequena modificação, poderia ser convertida para produzir oxigênio hospitalar, ajudando a salvar vidas nesse momento dramático da pandemia, que atinge novos picos em diversos estados do país”, informa o petroquímico, Gerson Castellano, um dos mil funcionários da fábrica de Araucária que foram demitidos, após o fechamento da unidade. (...) (Sindipetro-Bahia)


'A cada dia, mais pessoas admitem que a conduta de Bolsonaro pode configurar crime de responsabilidade'

Correlação entre atuação do presidente na pandemia e infração da lei ganha dimensão de evidência.

Crimes de responsabilidade.

Já não é nenhuma novidade, tampouco causa nenhum escândalo. A cada dia, mais pessoas admitem abertamente que a conduta do presidente Jair Bolsonaro – tanto as ações como as omissões – durante a pandemia de covid-19 pode configurar crime de responsabilidade.

Ressalta-se que essa afirmação sobre o comportamento de Jair Bolsonaro não tem surgido apenas de setores da oposição, como se fosse mais uma tentativa de causar desgaste ao adversário político. Quem tem dito que o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade durante a pandemia são pessoas das mais variadas tendências, de diferentes trajetórias profissionais, muitas delas sem nenhuma vinculação partidária.

Ante a ampla diversidade de vozes, essas afirmações sobre a conduta do presidente Jair Bolsonaro não podem ser atribuídas, portanto, somente a eventual interesse político. Na realidade, muitas dessas declarações têm antes o tom de um reconhecimento a contragosto.

Além disso, mais do que o resultado de um raciocínio sofisticado, a exigir difíceis passos lógicos, a correlação entre o comportamento de Jair Bolsonaro durante a pandemia e crime de responsabilidade ganha, a cada dia, uma dimensão de evidência. Não é tarefa fácil argumentar que o presidente da República não cometeu, desde março do ano passado, algum crime previsto na Lei 1.079/1950.

Ao tratar dos atos do chefe do Poder Executivo federal, a lei diz que “são crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentarem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: (i) a existência da União; (ii) o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e dos poderes constitucionais dos Estados; (iii) o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; (iv) a segurança interna do País; (v) a probidade na administração; (vi) a lei orçamentária; (vii) a guarda e o legal emprego dos dinheiros públicos; (viii) o cumprimento das decisões judiciais” (art. 4.º).

Em especial, há um artigo na Lei 1.079/1950 que exige do presidente da República respeito à vida. “São crimes de responsabilidade contra o livre exercício dos direitos políticos, individuais e sociais: (...) violar patentemente qualquer direito ou garantia individual constante do art. 141 e bem assim os direitos sociais assegurados no artigo 157 da Constituição” (art. 7.º, 9).

O art. 141 da Constituição de 1946, a que faz referência a Lei 1.079/1950, dispõe sobre a “inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança individual e à propriedade”.

Trata-se de uma situação peculiar. A rigor, crime de responsabilidade é algo gravíssimo, que pode levar o presidente da República ao afastamento do cargo e à perda do mandato. No entanto, nos tempos atuais, parece que a imputação de crime de responsabilidade perdeu seu caráter controvertido. (...) (Editorial-O Estado de S. Paulo)

Em ofício à Fiocruz, Ministério da Saúde pediu 'ampla divulgação de tratamento precoce com cloroquina'

Eduardo Pazuello disse ontem que nunca prescreveu cloroquina ou tratamento precoce, o que O Antagonista desmentiu imediatamente, reproduzindo fatos recentes e conhecidos por todos, escreve Claudio Dantas.

Mas para que não haja dúvidas, segue abaixo uma prova incontestável da descarada mentira do ministro.Trata-se de ofício circular enviado, em 29 de junho de 2020, pela Secretaria de Atenção Especializada à Saúde para a Fiocruz, o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) e o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF).

O assunto do ofício é (finjam surpresa) “tratamento precoce da Covid-19”. No texto, a pasta recomenda “ampla divulgação” do tratamento, que “integra a estratégia do Ministério da Saúde”.

Em seguida, indica como medida essencial a prescrição da cloroquina e da hidroxicloroquina. (A cloroquina não é indicada para o combate aocoronavírus, segundo especialistas.) (...) (O Antagonista)
Pazuello e as Forças
Incômodo com ministro reforça importância de limites para militar em posto civil.

Desgastadas após 21 anos de gestão ditatorial com término em ruína, as Forças Armadas brasileiras se recolheram aos quartéis em 1985. Não foi processo simples, nem sem intercorrências, mas pode-se dizer que bem-sucedido ao fim.

Novas gerações de oficiais se formaram sob a égide da Constituição de 1988 e de sua missão de defendê-la, não contra inimigos imaginários convenientes a ardis políticos num país com não poucas quarteladas em seu passado.

Podem-se detectar sinais de abalo nesse cenário nas jornadas de 2013, quando veio à tona, em proporções imprevisíveis, a insatisfação popular com o establishment.

A onda antipolítica ganharia força com os escândalos revelados pela Lava Jato e o desgaste terminal do governo Dilma Rousseff (PT), e em 2018 venceria as eleições, com a bênção tácita da cúpula do serviço ativo, um capitão reformado famoso por sua indisciplina.

Já se notava maior presença e influência de militares no breve governo de Michel Temer (MDB). Já sob Jair Bolsonaro, a ocupação se conta em milhares de cargos civis comissionados e 9, entre 23, ministros oriundos desse meio. Tal demasia hoje representa embaraço para as próprias Forças Armadas.

O fiasco na pandemia agravou esse quadro. O incômodo mais óbvio se dá com um general da ativa, Eduardo Pazuello, colocado na pasta da Saúde por servilismo à ignorância truculenta do mandatário —à qual acrescenta sua completa incompetência para a função.

Questionado quanto a sua omissão na tragédia da falta de oxigênio em Manaus, flagrado em declaração falsa sobre a posse de vacinas, sócio da incúria bolsonarista no combate ao coronavírus, Pazuello, conforme se noticia, gera preocupação entre militares de alta patente com a imagem do Exército. (...) (Editorial-Folha de S. Paulo)

Auxiliares de Bolsonaro bombardeiam Ernesto por impasses com China e Índia

Ministro é citado como corresponsável por episódios que levaram a derrota política para Bolsonaro, reportam Ricardo Della Coletta e Daniel Carvalho.

O atraso na operação de envio de um avião para recolher vacinas na Índia e o risco de adiamento da produção de imunizantes no Brasil diante de travas impostas pela China para a exportação de insumos desencadearam um bombardeio de críticas ao chanceler Ernesto Araújo, que tem sido apontado por auxiliares do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como corresponsável por episódios considerados vexames diplomáticos para o Brasil.

Segundo auxiliares de Bolsonaro, que falaram sob condição de anonimato, a área de relações exteriores contribuiu para a derrota política de peso sofrida pelo Palácio do Planalto no fim de semana: o protagonismo praticamente isolado do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), no início da vacinação no Brasil.

O governo vinha tentando antecipar desde dezembro um lote de 2 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca produzidas em um laboratório indiano. O objetivo era que as doses fossem usadas para dar o pontapé na campanha de vacinação no Brasil. Uma cerimônia no Planalto estava sendo preparada para a ocasião.

Ao longo de semanas, Araújo coordenou esforços para conseguir a liberação da carga a tempo de garantir o cronograma desejado pelo Planalto, mas não houve êxito e, até o momento, não há prazo para que isso ocorra.

Em uma entrevista na segunda-feira (18), o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, chegou a mencionar o fuso horário como uma das dificuldades diplomáticas –Nova Déli está oito horas e meia à frente do Brasil. (...) (Folha de S. Paulo)

Como ficam os investimentos no Brasil e nos EUA com a posse de Biden

Especialistas avaliam como a entrada de um novo governo pode afetar a economia, o dólar e os investimentos, escreve Isaac de Oliveira.

Do ponto de vista do mercado financeiro, a expectativa não é de grandes variações nas bolsas internacionais. Em 2020, as big techs viveram tempos áureos, mas as empresas de infraestrutura, sobretudo as que estão focadas em meio ambiente, deverão ter mais potencial durante a gestão democrata. Apesar da relação nada amigável entre Bolsonaro e Biden, que já trocaram diversas farpas em 2020, a relação Brasil-EUA é vista como sólida.

O mundo se volta para os Estados Unidos nesta quarta-feira (20), dia em que Joe Biden se torna oficialmente o 46º presidente norte-americano. Não seria diferente no mercado financeiro, com os investidores atentos se o discurso do democrata revelará alguma pista sobre os rumos da maior economia global nos próximos anos.

Do ponto de vista de mercado, a expectativa não é de grandes variações nas bolsas internacionais. “Já está precificado. Se tiver alguma reação é emocional”, diz Thiago de Aragão, diretor de estratégia da Arko Advice e colunista do E-Investidor. “Se Biden fizer um discurso falando em impostos, pacotes e novos auxílios, aí começa a entrar na seara que afeta a percepção do mercado”, explica. Algum evento similar à invasão do Capitólio, por exemplo, também poderia trazer oscilações, a depender da gravidade. (...) (O Estado de S. Paulo)

Estradas no limbo

Mesmo com pandemia, queda na fiscalização com radar lança dúvida sobre segurança.

Num país que ainda ostenta um dos trânsitos mais mortíferos do planeta, é sem dúvida motivo de preocupação a queda expressiva na fiscalização de velocidade registrada em 2020. Dados obtidos pela Folha mostram que a vigilância com radares móveis nas estradas federais caiu cerca de 75% ante as médias de 2019 e 2018.

A pandemia de Covid-19, ao diminuir viagens e deslocamentos ao longo do ano, decerto contribuiu para tal redução. Existe outro fator, contudo, que não pode ser desconsiderado nessa equação: o presidente Jair Bolsonaro.

Eleito com a promessa demagógica de combater uma fantasiosa “indústria da multa”, nunca demonstrada com evidências concretas, o presidente travou, em seu primeiro ano de governo, verdadeira batalha contra o controle de velocidade nas estradas federais.

Primeiro, Bolsonaro investiu contra os radares fixos, afirmando que não renovaria os contratos existentes nas rodovias. Com a medida barrada pela Justiça, o mandatário escolheu como vítimas os aparelhos móveis. Em agosto de 2019, decretou a suspensão do monitoramento com esses dispositivos.

O resultado se fez sentir. Anotou-se naquele ano uma queda de 24% na fiscalização de velocidade, na comparação com 2018.

Em dezembro de 2019, o Judiciário interveio de novo e determinou a retomada total do monitoramento. Os números, porém, deixam dúvidas se a ordem vem sendo cumprida a contento pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Embora seja temerário estabelecer relações de causa e efeito no trânsito, o fato é que, em 2019, o número de mortes e feridos graves nas estradas federais voltou a crescer após sete anos de queda, tendência que se manteve nos dois primeiros meses de 2020.

Há na literatura, ademais, farta evidência de que velocidades menores e observância da legislação resultam em menos vítimas. (...) (Editorial-Folha de S. Paulo)

Paes em paz com o Turismo

O prefeito Eduardo Paes tomou um susto quando entrou na sala de reunião do gabinete e encontrou literalmente todo o PIB do Turismo carioca, escreve Cláudio Magnavita. Todos os segmentos atenderam à convocação de Alfredo Lopes, presidente do Conselho do Rio Convention e Visit Bureau e do Sindicato do Hotéis. A reunião durou duas horas, e Paes não olhou para o relógio uma única vez. Acompanhando do secretário Cristiano Beraldo, mandou na hora chamar a subsecretária de Eventos, Antonia Leite Barbosa, e anotou cada solicitação dos dirigentes. Reafirmou que vai ajudar na retomada e citou o governador Cláudio Castro várias vezes, principalmente na agenda de segurança. Reiterou que o interlocutor do setor é o secretário de Turismo e respondeu pontualmente a cada pleito. Os empresários deixaram o Palácio satisfeitos e a liderança de Alfredo Lopes possibilitou uma das mais produtivas reuniões de trabalho do Turismo com o setor público. (...) (Correio da Manhã, RJ)

Biden toma posse como presidente dos EUA em meio a crises sanitária e de segurança

Aos 78 anos, o homem mais velho a assumir o cargo tem a missão de comandar uma nação dividida, escreve Marina Dias.

Em seu último discurso antes de viajar a Washington e tomar posse como o 46º presidente dos EUA, Joe Biden não conseguiu conter o choro.

Agradeceu pelo apoio dos moradores de Delaware, estado onde viveu por quase 70 anos, e disse que sentia muito a ausência do filho Beau, que morreu em 2015 vítima de um câncer no cérebro. "Eu só tenho uma coisa a lamentar: ele não está aqui", disse Biden, visivelmente emocionado.

Nesta quarta-feira (20), o democrata fará história ao assumir a Casa Branca em um dos momentos mais assustadores da trajetória americana. Aos 78 anos, Biden é o homem mais velho a chegar à Presidência dos EUA e tem a missão de comandar uma nação dividida e devastada por uma grave crise econômica e uma pandemia que já matou mais de 400 mil pessoas no país.

As credenciais inéditas da nova era incluem Kamala Harris, a primeira mulher negra a ocupar a Vice-Presidência americana, e que vai exercer papel definitivo no que se tornou o principal desafio de Biden nos próximos anos: conseguir, de fato, governar.

O avanço da maior crise de saúde do século, a violência política e o debate do impeachment de Donald Trump devem dominar os primeiros anos da gestão democrata, e especialistas acreditam que será difícil fazer muito além desses temas até meados de 2022.

O Partido Democrata tem maioria na Câmara, e Kamala terá direito ao voto de desempate no Senado, rachado entre 50 democratas e 50 republicanos.

Quando fizer seu primeiro discurso como presidente, pouco depois do meio-dia (14 horas de Brasília) desta quarta-feira, Biden insistirá na ideia de que os americanos precisam de união e pacificação para que a alma do país seja resgatada e suas fraturas, curadas. O democrata quer passar a mensagem de que a nação tem desafios, mas há esperança para resolver problemas.

Logo na primeira semana de governo, Biden quer colocar os EUA de volta na OMS (Organização Mundial da Saúde) e no Acordo de Paris. Promete também vacinar 100 milhões de americanos contra a Covid-19 em 100 dias e aprovar o plano de recuperação econômica no valor de US$ 1,9 trilhão (cerca de R$ 10 trilhões).

Biden quer também suspender o banimento de entrada nos EUA a viajantes de alguns países de maioria muçulmana, parar a construção do muro na divisa com o México, símbolo inacabado do governo Trump, e impedir a separação de famílias na fronteira. (...) (Folha de S. Paulo)

Mundo muda radicalmente hoje, com os Estados Unidos sob nova direção

Com a alta mortalidade pela pandemia e o desemprego acelerado, novo presidente terá que 'apagar incêndios' causados pela gestão Trump. Mudança climática será assunto central, escreve Míriam Leitão.

Primeiros e difíceis trabalhos de Biden.

Não há mal que sempre dure. O governo Trump acaba e hoje começa a administração Joseph Biden e Kamala Harris. Não será um tempo fácil. Os Estados Unidos chegam a impensáveis 400 mil mortos por coronavírus e a recessão ceifa empregos. Biden terá que tomar decisões urgentes contra a pandemia. Por ordens executivas ele vai revogar políticas de Trump, principalmente na área externa. Tentará aprovar o pacote de US$ 1,9 trilhão de socorro aos trabalhadores e à economia e, como disse ontem Janet Yellen, a nova secretária do Tesouro, a mudança climática será assunto central na administração.

O economista José Alexandre Scheinkman, professor de Columbia, e professor emérito de Princeton, descreve o quadro em que o novo presidente assumirá:

— Biden está em situação complicada. A pandemia está acelerando, e os números previstos para os próximos meses são muito ruins. É difícil mudar a trajetória a curto prazo. O desemprego está com um número alto. Ele tem maioria apertada na Câmara e no Senado, e uma fração não desprezível da população está convencida, por fake news, evidentemente, de que Trump ganhou a eleição.

Em compensação, Scheinkman se diz muito impressionado com a qualidade da equipe que Biden escolheu em áreas fundamentais como economia e ciência:

— Janet Yellen é uma economista com merecida e ótima reputação, e todo mundo concorda que a conduta dela no Fed foi excelente. (...) (O Globo)

Biden assina hoje 17 decretos para reverter políticas de Trump: entre eles, volta ao Acordo de Paris e fim do muro

Presidente eleito anunciou que reversões estarão entre suas primeiras ordens executivas, que serão assinadas após sua posse, nesta quarta, informa a Bloomberg.

Horas após à sua posse, às 14 horas desta quarta (horário de Brasília), Joe Biden assinará 17 decretos para reverter políticas que marcaram a gestão de seu antecessor Donald Trump, informou sua equipe. Entre elas, o democrata irá reverter a saída americana do Acordo de Paris e da Organização Mundial de Saúde, além de interromper a construção do muro na fronteira com o México.

Biden anunciou ainda que irá assinar uma medida obrigando o uso de máscaras em propriedades federais para combater a pandemia de Covid-19 e que irá encerrar o veto à entrada nos EUA de alguns países africanos e de populações majoritariamente muçulmanas.

Segundo conselheiros, o novo presidente assinará mais ordens executivas em seu primeiro dia que qualquer um de seus antecessores, que serão seguidas por mudanças regulatórias e de política nos próximos dias. Entre elas, o fim das restrições ao financiamento para organizações federais que fornecem aconselhamento para mulheres que estão considerando abortar. (...) (O Globo)

Joe Biden traz a esperança de um novo começo

Desfazer o legado nefasto de Donald Trump e unir um país rachado ao meio não será tarefa simples.

Ao meio-dia de hoje, horário de Washington, Joseph Robinette Biden Jr. proferirá as 35 palavras do juramento que marca o início de seu mandato como 46º presidente dos Estados Unidos. Sob rígidas medidas de segurança, tomadas para evitar tanto a violência das hostes trumpistas quanto o contágio pelo novo coronavírus, assumirá como presidente de um país dividido ao meio, depois daquela que já entrou para a história como uma das piores — senão a pior — administração na história americana. Desfazer o legado de Donald Trump, tarefa já em si complexa, será ainda mais difícil diante do recrudescimento da pandemia que até agora matou 400 mil americanos e paralisa a economia.

Os Estados Unidos são o único país a superar o Brasil no ranking macabro das mortes por Covid-19. O desafio mais urgente de Biden, portanto, é começar a trabalhar contra o vírus, em vez de, como Trump, a favor dele. Mas não será o principal. O mais difícil para o novo presidente será resgatar um mínimo de unidade nacional. No discurso de posse, ele dirá o oposto do que foi dito há quatro anos. Em vez da “carnificina americana” de Trump, Biden fará eco à mensagem de união proclamada por outro presidente quando tomou posse num país também dividido, 160 anos atrás: Abraham Lincoln, com seu célebre apelo aos “melhores anjos de nossa natureza”.

Precisará mesmo de ajuda dos céus e dos anjos. Um terço dos americanos não acredita que ele foi o vencedor legítimo das eleições de novembro (dois terços entre os republicanos). (...) (Editorial-O Globo)

Legado de Trump, desinformação com selo oficial pede ação além de checagem

Quando assumir a Casa Branca nesta quarta-feira (20), o democrata Joe Biden terá como desafio não apenas tirar os EUA da crise sanitária e econômica causada pela pandemia de covid-19, escreve Leda Balbino. Ele terá de liderá-la enquanto sua própria legitimidade política foi posta em xeque por uma campanha de desinformação criada em grande medida pelo antecessor, o republicano Donald Trump.

Uma pesquisa da companhia de inteligência de dados Morning Consult, conduzida entre 8 e 10 de janeiro, indicou que apenas 22% dos eleitores republicanos acreditam que a eleição americana de 2020 foi "livre e justa". Já um levantamento do Pew Research Center, divulgado dia 11, identificou que a descrença é maior entre republicanos que tinham Trump como principal fonte de notícia: 60% deles disseram suspeitar que votos pelo correio não foram contados devidamente.

A desconfiança, semeada por Trump com reiteradas mentiras sobre fraude na votação, teve como consequência a invasão do Capitólio dia 6, e o aumento dos temores de que seus partidários lançassem mais atos violentos contra a democracia norte-americana. A crença nas mentiras sobreviveu, apesar das fracassadas tentativas de Trump de contestar o resultado na Justiça e dos repetidos desmentidos da imprensa e de organizações de checagem de fatos. (TAB-UOL)

Com Biden no poder, EUA farão série de ações para enfraquecer Bolsonaro

Apesar de conservador, o democrata Joe Biden tem chance de fazer um governo mais progressista do que o de Barack Obama, do qual foi vice-presidente entre 2009 e 2017. A posse de Biden é uma boa notícia para o Brasil, onde está em curso um projeto de selvageria política, econômica e social, reporta Kennedy Alencar.

Com o governo Biden, serão fortalecidas as condições políticas para a queda de Jair Bolsonaro, seja via impeachment, caminho hoje menos provável, seja por meio de derrota eleitoral em 2022, cenário que parece mais realista diante da omissão de nossas instituições em relação aos crimes de responsabilidade do presidente da República.

A pandemia de coronavírus, fundamental para enfraquecer Trump e ajudar Biden a se eleger, expôs falhas de uma economia cada vez mais desigual na terra das oportunidades e dos livres. Caro e elitista, o sistema de saúde americano é uma piada. Com um ministério diverso e que honra compromissos com conservadores, moderados e progressistas do Partido Democrata, Biden terá espaço político para tentar implementar um programa de governo que é comparado na imprensa americana ao de Franklin Delano Roosevelt, presidente durante a Segunda Guerra Mundial.

O trumpismo sobreviverá como força política? Sim. Mas com menor poder após 6 de janeiro. A democracia americana teve seus limites testados pelo terrorismo doméstico, mas sobreviveu ao neofascismo. O que aconteceu nos EUA é uma lição para o Brasil, cuja democracia e instituições são mais frágeis.

Uma vez que os EUA voltem a patrocinar avanços no cenário geopolítico mundial, isso resultará automaticamente em maior pressão da comunidade internacional contra a devastação ambiental em curso no Brasil, por exemplo. Será mais difícil para Bolsonaro institucionalizar a sua milícia mudando a legislação sobre as Polícias Militares. Esse projeto de selvageria social ficará ainda mais exposto à reprovação planetária. Com conhecimento de política externa, Biden sabe que não interessa a Washington a permanência de Bolsonaro no poder. Do ponto de vista geopolítico, o Brasil tem importância para a estabilidade institucional da América Latina. Como Obama fez, ele voltará a distensionar as relações com Cuba e a Venezuela, articulação para a qual um Brasil sem Bolsonaro é fundamental.

Nos últimos dias, vimos a Venezuela doar oxigênio a doentes de covid-19 em Manaus. O Brasil depende da China para ter os insumos para a CoronaVac, única vacina realmente viável no momento no país. Venezuela e China são países que foram atacados infantilmente por Bolsonaro e filhos e por essa diplomacia de quinta categoria de Ernesto Araújo. Países não têm relações pessoais. Valem os interesses nacionais.

Nos próximos meses, veremos uma série de ações dos EUA para abreviar a passagem de Bolsonaro pelo poder. (...) (UOL)

Biden toma posse hoje e inicia guinada contra modelo populista de Trump

Aprovar pacote contra pandemia é primeiro desafio; Kamala se apresenta como potencial sucessora; multilateralismo e alianças tradicionais são retomados; relação com América Latina também muda, informa Beatriz Bulla.

Joe Biden toma posse nesta quarta-feira, 20, com a missão de mudar a direção dos Estados Unidos e recolocar um país dividido no caminho da normalidade. A mudança na política americana aponta para uma reorientação da ordem democrática global. Com Biden, o país deve deixar de flertar com líderes autoritários e populistas que nele se espelharam, quando não o imitaram. Os EUA devem abandonar o isolacionismo, restabelecer seu “soft power” e voltar à mesa de negociações internacionais.

Com a posse de Kamala Harris como vice, primeira mulher e primeira negra a chegar à Casa Branca, os democratas acenam também para um futuro que difere muito dos últimos quatro anos.

Em novembro, 81,2 milhões de americanos votaram na chapa democrata, que representa o avesso do que foi o governo Donald Trump. Biden e Kamala receberam o maior número de votos da história americana. Durante quatro anos, o republicano explorou as divisões da sociedade como plataforma política. Os democratas terão dificuldade para romper essa polarização.

Trump atacou as instituições, inflamou a população e rompeu relações com aliados. Biden, uma saída de centro costurada dentro de seu partido, promete valorizar as instituições democráticas – ainda sob influência do ataque inédito ao Capitólio – e a dialogar com opositores. (...) (O Estado de S. Paulo)

Washington teme ataque na posse, reforça segurança e rastreia insurgentes

Washington tem avenidas, ruas e monumentos fechados; 12 homens da Guarda Nacional foram afastados por extremismo, reporta Beatriz Bulla. A posse presidencial americana costuma ser um dia de festa. Centenas de milhares de americanos formam um mar de gente nos gramados do National Mall, em Washington, para assistir ao juramento do novo presidente. Neste ano, a cena será diferente. Por medo de atos violentos, o entorno do Congresso americano está bloqueado por cercas, barreiras de concreto e forças policiais.

Doze homens da Guarda Nacional foram afastados na terça-feira, 19, da operação de segurança para a cerimônia de posse, dois deles por possíveis ligações com grupos de extrema direita, informou o Departamento de Defesa. (...) (O Estado de S. Paulo)

Trump concede perdão a Steve Bannon e outros aliados a poucas horas de deixar o cargo

Bannon se livra de acusação de fraude; no total, 143 pessoas foram beneficiadas pela leva final de indultos.


Washington | Reuters - Na madrugada desta quarta (20), a horas de deixar a Presidência dos EUA, Donald Trump concedeu perdão a diversos aliados, dentre os quais seu ex-assessor e ideólogo da extrema direita Steve Bannon.

Além de Bannon, Trump também concedeu perdão presidencial a Elliott Broidy, um doador da campanha do republicano que confessou ter conspirado para violar leis estrangeiras de lobby político. No total, 143 pessoas foram beneficiadas pela leva final de indultos.

O republicano não incluiu seu advogado, Rudy Giuliani, nem concedeu perdão a seus familiares ou a si mesmo, diferentemente do que vinha sendo especulado nas últimas semanas. (...) (Folha de S. Paulo)

Biden assume com oposição inédita de mídia conservadora e extremista

Aparato de comunicação de ultradireita propaga conspirações e incita violência, escreve Lúcia Guimarães.

O democrata Joe Biden toma posse nesta quarta-feira (20) com 35% dos americanos convencidos de que ele não é o presidente eleito dos Estados Unidos. Entre republicanos, o número sobe para 65%.

Não haveria a grotesca invasão do Capitólio pela turba trumpista, no dia 6 de janeiro, sem essa grande mentira. A farsa sobre a eleição presidencial, que Biden venceu por larga margem no voto popular, foi cuidadosamente cultivada ao longo da campanha —quando o candidato derrotado, Donald Trump, dizia, em comícios e nas redes sociais, que havia apenas duas opções: sua vitória ou uma eleição roubada.

E não haveria a consolidação da grande mentira sem o endosso de canais de cabo e estações de rádio que atingem, combinados, dezenas de milhões de americanos diariamente. O aparato de mídia de ultradireita que propaga conspirações, incita violência e espalhou desinformação letal desde o começo da pandemia do coronavírus é a infraestrutura nacional que ajudou a normalizar, sob o disfarce de “conteúdo jornalístico”, o período de maior divisão no país desde a Guerra Civil, no meio do século 19.

Muito se especulou, em novembro, sobre os próximos passos de dois homens com poder extraordinário de influenciar os eleitores de Trump. Rupert Murdoch e seu filho Lachlan concentram mais poder político na história recente dos EUA do que qualquer outro líder de corporação de mídia.

O patriarca Murdoch, que faz 90 anos em março e é fundador da Fox News, passou a maior parte da pandemia isolado numa mansão na Inglaterra, mas subitamente reemergiu tomando decisões em janeiro, acima de seu filho, o presidente da empresa com sede em Nova York.

Duas emissoras pequenas da franja ultradireitista que já cortejavam Trump investiram tudo na grande mentira sobre a eleição, a One America Network e a Newsmax (dirigida por um amigo pessoal de Trump).

Observadores da família Murdoch, cientes de que ele chama Trump de “idiota” e não vê a hora de se livrar dele, tiveram a surpresa de ver o empresário dobrar a aposta na grande mentira, em seguida à invasão do Capitólio. Alguns de seus âncoras, além de falsificar os fatos fartamente documentados em vídeo na insurreição do dia 6, continuam a repetir que a eleição é contestada.

No começo dos anos 1980, a FCC (Comissão Federal de Comunicações) relaxou o controle sobre o conteúdo de estações de rádio, até então dominado por assuntos de interesse público e programas religiosos. A decisão fez nascer a primeira safra de talk shows com forte tendência ultradireitista, cujo maior expoente, Rush Limbaugh, acaba de renovar o contrato de seu programa diário e se opôs, no ar, aos apelos pelo fim da violência depois da invasão do Capitólio.

Na última semana, articulistas americanos passaram a perguntar se Biden pode e deve usar a FCC para reinar sobre a anarquia da desinformação que se tornou tão danosa à democracia. Pelas leis atuais, não há muito que ele possa fazer. A FCC não concede licenças de canais de cabo. Quem decide distribuir os canais são as grandes operadoras, como AT&T, Comcast, Charter, Dish Network e Verizon.

Acesso aos assinantes das operadoras é oxigênio para os canais. Sabe-se que os Murdochs se armaram de uma pequena tropa de advogados no começo da pandemia, temerosos de ações judiciais por disseminarem falsa informação sobre saúde pública. É impossível imaginar uma gigante como a AT&T removendo a Fox de sua grade. Mas ainda é cedo para saber como o ataque ao Capitólio pode influenciar o mercado, sob a pressão de um Congresso controlado pelos democratas. (...) (Folha de S. Paulo)      Fonte : www.omorungaba.com.br

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