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De onde saíram os votos para a virada de Herzem Gusmão no 2º turno – Parte 2




No sábado, cerca de 24 horas antes de ser conhecido o resultado do segundo turno em Vitória da Conquista, para a maioria dos que acompanharam a carreata de Zé Raimundo que saiu do antigo campo da Esther e terminou nos Campinhos teve a sensação de que a eleição seria do petista. A recepção dos moradores na porta de casa e nas calçadas e o entusiasmo de quem acompanhou Zé e Luciana por todo o trajeto, autorizaram o sentimento. Afinal, foram duas semanas de angústia, em que se dizia, pelos quatro cantos da cidade, que seria uma eleição apertada.

Não foi.

A 39ª Zona Eleitoral compreende quase todo lado Oeste da cidade, incluindo os bairros Brasil, Ibirapuera, Patagônia e Kadija, até chegar em Campinhos e Simão, onde ocorreu o momento mais alto do evento político do sábado, com a presença do governador Rui Costa. Na região, o candidato do PT tinha conseguido 31.940 votos no primeiro turno. No segundo, 31.874. Foram 66 a menos. Na mesma zona eleitoral, Herzem saiu de 31.585 votos para 40.576, aumento de 8.991 votos ou 28,46%, o maior crescimento entre as três zonas eleitorais do município.

Nas outras duas zonas eleitorais tanto Herzem Gusmão quando Zé Raimundo tiveram aumento na votação. Na 41ª, a maior do município, onde vota a classe média, compreendendo, entre outros, o bairro Candeias, Herzem cresceu em 20,57% a quantidade de votos, passou de 34.912 a 42.096. Zé ficou com 30.353, 1.189 a mais que os votos do primeiro turno na mesma região. E na 40ª, que é, predominantemente da zona rural, Herzem saltou de 12.235 para 14.692 votos, crescimento de 20,08%, enquanto Zé Raimundo cresceu apenas 0,47%, de 20.617 para 20.715 votos.

Na zona rural Zé Raimundo “goleou” Herzem no primeiro turno. Teve 59,32% dos votos (20.617) ante 35,20% (12.235) de Herzem, frente de 8.382 votos. Na zona Oeste (bairro Brasil, Patagônia, Campinhos e adjacências) no primeiro turno ocorreu um quase empate. O prefeito reeleito obteve 31.585 votos e Zé 31.940, diferença de apenas 355 votos.

Na 41ª, a frente de Herzem foi de 5.748 votos e se era considerado normal que ele ampliasse, por ser um eleitorado mais conservador (foi a única zona em que Jair Bolsonaro venceu no primeiro turno de 2018 e, embora tenha perdido no segundo, a diferença para Haddad foi de 1.513 votos).

Mas, ainda que o PT previsse um resultado apertado, como parece ter sido a leitura também no grupo de Herzem, não se esperava que a votação nas outras duas zonas eleitorais ficasse tão aquém da expectativa gerada pela carreata da véspera, capaz de empolgar o governador, o candidato a prefeito, a vice, Luciana e a militância.
FORTE NO INTERIOR

O partido de Zé Raimundo, Guilherme, Waldenor e Rui Costa demonstrou que continua forte na zona rural – que se ressentiu da política de investimentos levada a efeito pelo governo municipal, muito voltada para a urbanização e paisagismo na cidade. O candidato do PT teve 58,51% da votação no segundo turno, com uma frente de 6.023 votos (20.715 a 14.692 de Herzem). Entretanto, todo mundo sabia que, além de manter os votos obtidos no primeiro turno (20.617) nos distritos e povoados, era imprescindível ampliar. Mas, cresceu menos de 100 votos. O adversário subiu quase 2.500.

Voltando para a 39ª Zona Eleitoral, lado oeste e parte da zona sul da cidade. Lá, Herzem Gusmão teve 8.991 votos a mais que no primeiro turno. Zé Raimundo, 66 a menos. A frente, que no primeiro, tinha sido de 355 votos, no segundo turno foi para 8.702 votos.

Em uma leitura simplificada, pode-se dizer que, entre os vários porquês da vitória de Herzem Gusmão (sem abrir mão de hipótese de uma eleição legítima em que o mais forte e convincente venceu, mas incluindo a possibilidade, levantada pelo PT, de abuso de poder administrativo, com o uso da máquina nas vésperas do pleito), um deles deve ser, com certeza, a falta de fôlego – ou mensagem – para ampliar na zona rural e chegar ao voto recalcitrante dos eleitores do chamado “outro lado da Rio Bahia”, onde mora quem mais precisa do poder público.

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