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OMS suspende testes com cloroquina e hidroxicloroquina; Bolsonaro cogita usar “Tubaína” no combate à Covid-19


A Organização Mundial de Saúde (OMS) suspendeu nesta segunda-feira (25) o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina em pesquisas que ela coordenava com cientistas de 100 países. A suspensão temporária foi tomada até que a segurança da droga seja reavaliada, já que estudos recentes mostraram que ela não é eficaz contra a Covid-19 e pode aumentar a taxa de mortalidade.
Se levarmos em consideração as últimas piadas do presidente do Brasil, sobre o uso do medicamento, o presidente Jair Bolsonaro pode determinar a “Tubaína” no tratamento da doença.
Na terça-feira (19), Bolsonaro apelou para a baixaria ao fazer lobby a favor do uso da cloroquina no tratamento do coronavírus. “Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda, Tubaína”, disse durante uma transmissão nas redes sociais.

Tubaína é um refrigerante associado a pobres cuja composição à base de guaraná, com flavorizantes e aromatizantes de tutti-frutti, é bastante apreciado no interior de São Paulo.
Ironias à parte, a OMS afirma que estão mantidos os demais testes dentro da iniciativa internacional batizada de Solidariedade. Além dos dois medicamentos agora vetados, os pesquisadores ainda avaliam em pacientes o resultados de três tipos de antivirais e de um remédio usado para tratar esclerose múltipla.
O diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que a suspensão foi determinada depois da divulgação dos resultados do estudo publicado na sexta-feira (22) na revista científica “The Lancet”. A pesquisa, feita com 96 mil pessoas, apontou que não houve eficácia das substâncias contra a Covid-19 e detectou risco de arritmia cardíaca nos pacientes que as utilizaram.
A OMS já havia anunciado que era contra o uso amplo da cloroquina para tratar a Covid-19. Quando o Brasil passou a orientar que pacientes com quadros leves pudessem usar o medicamento, os diretores da entidade ressaltaram que a droga só deveria ser usada dentro de “ensaios clínicos”, que são os testes dentro de pesquisas médicas.
A OMS afirmou que o quadro executivo do Solidariedade vai analisar dados disponíveis globalmente sobre as drogas, que são usadas para tratar malária e doenças autoimunes.
Tedros afirmou, ainda, que os outros testes dos ensaios Solidariedade vão continuar (veja detalhes abaixo) – a suspensão refere-se apenas às pesquisas com a cloroquina e a hidroxicloroquina.

Ensaios Solidariedade
Os ensaios Solidariedade foram anunciados por Tedros em 18 de março. Vários hospitais, no mundo inteiro, fazem parte da iniciativa. Segundo a entidade, nesta segunda-feira (25) havia 35 países recrutando pacientes para estudos em mais de 400 hospitais ao redor do mundo.
Segundo a OMS, a iniciativa pode diminuir em 80% o tempo necessário para ensaios clínicos, que geralmente levam anos para serem desenhados e conduzidos.

Qualquer adulto com Covid-19 que seja internado em um hospital participante pode fazer parte das pesquisas. Os pacientes são distribuídos, de forma aleatória por um computador, entre 5 opções de tratamento:

Um grupo de pacientes recebe apenas a forma de tratamento padrão do local onde está.;
O segundo grupo recebe essa forma de tratamento + o antiviral remdesivir, que já foi testado para o ebola e teve resultados promissores contra a Sars e a Mers, também causadas por vírus da família corona (como o Sars-CoV-2, o novo coronavírus);
O terceiro grupo recebe o tratamento padrão + a cloroquina ou hidroxicloroquina (esse foi o “braço” suspenso da pesquisa);
O quarto grupo recebe o tratamento padrão + os antivirais lopinavir e ritonavir, usados para tratar HIV. Ainda não há evidências de que sejam eficazes no tratamento ou prevenção da Covid-19, segundo a OMS; e
O quinto grupo recebe o tratamento padrão + interferon beta-1a, usado para tratar esclerose múltipla.
Antes do “sorteio” do tratamento, o paciente é avaliado por uma equipe médica para descartar medicamentos que definitivamente não poderiam ser dados a ele.
No Brasil, os ensaios do Solidariedade são coordenados pela Fiocruz.
Cloroquina e hidroxicloroquina no Brasil
Mesmo sem evidências científicas que comprovem a eficácia dos medicamentos contra a Covid-19, o Ministério da Saúde divulgou, na semana passada, um documento com orientações para uso da cloroquina.
A droga foi motivo de discórdia entre dois ex-ministros da Saúde e o presidente Jair Bolsonaro. Tanto Luiz Henrique Mandetta quanto Nelson Teich, ambos médicos, alertaram para os efeitos colaterais dos remédios, mas, mesmo assim, Bolsonaro defendeu o uso deles contra a Covid-19.
Mandetta foi demitido; Teich pediu demissão menos de um mês após assumir o cargo. Além da questão da cloroquina, os dois ex-ministros divergiram do presidente quanto ao isolamento social.
Logo após a divulgação do documento pelo governo brasileiro, que recomendava o uso dos remédios contra a Covid-19, especialistas brasileiros emitiram notas contra a decisão.
A própria OMS e a Opas, braço da organização nas Américas, também reafirmaram que não recomendam nem a cloroquina nem a hidroxicloroquina para tratar a Covid-19 fora de ensaios clínicos.

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