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Náuseas e vômitos de Bolsonaro foram provocados por paralisia no intestino


As náuseas e os vômitos apresentados neste sábado (2) pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) ocorreram porque o intestino delgado dele parou de funcionar. Tecnicamente, a condição clínica é chamada de "íleo paralítico".

Quando o intestino delgado (íleo) para de contrair, acumula líquido no estômago. E o paciente sente náusea e ânsia de vômito.

Diferentemente do que disseram os assessores da Presidência, não é uma "reação normal e decorrente da retomada da função intestinal". Algo fez o intestino parar de funcionar.

O cirurgião Antonio Macedo, que operou Bolsonaro, disse à Folha que a condição é uma resposta do organismo a uma cirurgia longa e com muita manipulação.

Três cirurgiões especialistas em aparelho digestivo ouvidos pela reportagem afirmam que essa condição, chamada de íleo pós-operatório, em geral ocorre imediatamente após a operação e costuma durar até três dias.

Normalmente melhora conforme a inflamação do organismo diminui, e o intestino volta gradualmente a se contrair.

Segundo eles, os sintomas apresentados por Bolsonaro representam uma piora no estado clínico. Um deles diz que, no melhor cenário, não era para acontecer. No quinto dia após a cirurgia, afirma, o paciente deveria estar comendo por boca e evacuando.

Outras hipóteses explicariam a paralisação do intestino como fístula (abertura de algum ponto cirúrgico), infecção, efeitos colaterais de medicamentos (antibióticos ou remédios para dor) ou aderência precoce, ou seja, uma dobra no intestino.

A pior das hipóteses seria a fístula. Se ocorrer, há risco grande de ter que reoperar e refazer a bolsa de colostomia.

Mas, tanto no cenário de fístula ou de infecção, Bolsonaro apresentaria dores abdominais e febre.

Segundo boletim médico divulgado neste sábado, o presidente está "sem dor, afebril e exames laboratoriais normais". Ou seja, por ora, uma fístula ou infecção estaria descartada. Macedo também negou essas hipóteses.

A sonda nasogástrica colocada para retirar o líquido em excesso no estômago do presidente não trata a paralisação do intestino. Apenas alivia os sintomas de náusea e vômito.

Bolsonaro foi submetido à cirurgia de reconstrução do trânsito intestinal e retirada da bolsa de colostomia no dia 28 de janeiro, segunda-feira passada. Na ocasião, os médicos mudaram a técnica prevista inicialmente e tiveram que fazer um procedimento mais complexo do que era esperado.

Uma parte do intestino, a que estava ligada à bolsa que recolhia as fezes, foi retirada e descartada.

O processo durou sete horas. Foi a terceira operação pela qual ele passou desde que foi alvo de uma facada, em setembro de 2018, durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG).

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