Por Florestan Fernandes Jr, dos Jornalistas pela Democracia - A pesquisa CNT/MDA divulgada nesta terça-feira (26/02) deve ter acendido a luz amarela no Palácio do Planalto. Na comparação de 1995 pra cá, Bolsonaro tem a pior avaliação entre os presidentes em início de seus primeiros mandatos. O capitão-presidente tem só 38,9% de ótimo e bom – já pelo Ibope/CNI Dilma tinha 56%, Lula 51% e FHC, 41%. Em relação à aprovação pessoal dos presidentes, Bolsonaro também perde com folga. Ele tem 57,7%, enquanto Dilma tinha 74% e Lula 80% nos primeiros meses de governo desde 2003.
Os índices do Bolsonaro são bem próximos aos de Dilma no início do segundo mandato da ex-presidente, em 2014. É importante lembrar que o governo do PT iniciou aquele ano sob forte descontentamento da população. Em 2013 ocorreram os protestos por mais e melhores serviços públicos. A Lava Jato estava no seu auge, liberando delações premiadas envolvendo empreiteiras e políticos da base do governo. Vários articulistas e líderes da oposição falavam que Dilma não iria terminar o mandato e denunciavam superfaturamento nas obras dos estádios da Copa.
Mesmo assim, o desempenho da ex-presidente chega, em alguns índices, a ser superior ao do capitão. Percentuais de bom e ótimo: Dilma teve 36,4% e Bolsonaro tem 38,9 % dentro da margem de erro de 2,2% para mais ou para menos. Regular: Dilma alcançou 37,9% bem mais que os 29% de Bolsonaro. Ruim e péssimo: Dilma 24,8% e Bolsonaro 19%, percentual bem próximo ao limite da margem de erro. Estes números apontam para um futuro incerto para o capitão e seus comandados. Ele pode se transformar rapidamente naquilo que os americanos chamam de lame duck, ou pato manco: um governo que tem a caneta Bic na mão, mas não tem respaldo popular para fazer grandes mudanças. Se cair mais nas próximas pesquisas, Bolsonaro pode virar refém do Congresso e até da própria mídia que ele tanto despreza.
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