Por Fernando Brito, Tijolaço -
Agora que conseguiu seu objetivo, derrubar Dilma, o conservadorismo brasileiro vê o homem que assumiu em seu lugar não pode andar na rua. Nem mesmo na sua rua, onde foi aconselhado pela Casa Militar a não ir, permanecendo apenas em Brasília.
Pode-se alegar que é “a militância do PT” quem inferniza a vida do usurpador da Presidência, mas é um diagnóstico extremamente pobre, porque – se há muitos militantes do PT, do MST ou da CUT, qualquer observador minimamente honesto verá que os protestos estão cheios de pessoas – sobretudo jovens – que estão longe de serem petistas.
Mas onde estão os “dele”?
Durante mais de um ano, tivemos de ouvir aquele texto repetido pela Globonews a cada manifestação da direita: “são famílias inteiras que vêm…etc, etc…
Não eram a favor de nada, mas contra. Tirando as pequenas minorias dos Kataguiri e Bolsonaro, nem mesmo têm identidades.
O indefinido discurso da “anticorrupção” engasgou diante da turma que ascendeu ao poder.
O apoio político de Temer se resume aos políticos e ao “mercado”, ainda assim se “ele der o que eles querem”.
É muito pouco para governar um país de 205 milhões de habitantes.
Porque na política profissional – ainda mais com o deprimente cenário que temos – la donna è mobile.
A máquina monstruosa de aniquilação de políticos que, com a mídia, puseram em marcha para devorar o governo trabalhista não vai parar tão facilmente, até porque é inevitável que aqueles que se sentem capazes de derrubar governos eleitos pretendam, eles próprios, alcançar o poder vacante da política.
É visível a vacilação de Temer em “fazer o que tem de fazer”. Não há perspectiva de reversão rápida do quadro de crise e inflação, mesmo com a “gordura” que se acumulou com os sobrepreços no final do período Dilma. Não há, nem no horizonte, perspectivas de socorro da “cavalaria” do capital estrangeiro.
Ao contrário, o olhar do mundo sobre o Brasil é de reserva e desconfiança na estabilidade deste governo.
Querendo ou não, Temer terá de sair do mingau em que se atolou, porque se o programa de governo é fazer o que (não) tem feito vai cozinhar no banho-maria dos escândalos que virão, um após outro.
Temer não tem, neste momento, capacidade de construir uma base social, nem mesmo na classe média e dificilmente terá.
E não é mais viável governar o Brasil sem uma.
Por isso, como escreveu o jornalista Nilson Lage, no Facebok, Temer “não se quebra, desmancha; e, no que isso acontece, escorre com enorme vocação de chegar ao ralo da História.
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