Em seu primeiro pronunciamento depois da
derrota na votação do impeachment, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta
segunda-feira que se sente injustiçada e voltou a afirmar que não cometeu crime
de responsabilidade. "Queria dizer que me sinto injustiçada por um processo sem
base de sustentação", disse a presidente. "Me sinto indignada com a decisão que
recepcionou a questão da admissibilidade do impeachment". A presidente lembrou
ainda o período em que esteve presa durante a ditadura militar. E afirmou:
"Hoje, estou tendo meus sonhos e direitos torturados".
Visivelmente abatida, Dilma afirmou
também que não se beneficiou pessoalmente de nenhum ato que motivou a aceitação
da denúncia por crime de responsabilidade. "Saio no sentindo de ter a
consciência tranquila de que não os fiz ilegalmente. Os atos se baseiam em
pareceres técnicos".
A presidente afirmou que assistiu a
todas as intervenções dos deputados na Câmara durante a discussão e que não viu
nenhum debate sobre as pedaladas fiscais e os decretos de crédito suplementar.
Ela disse que os presidente antecessores não foram punidos por atos semelhantes.
"A mim se reserva um tratamento que não se reservou a ninguém."
"Nenhum governo será legítimo sem ser
por obra do voto secreto, direto numa eleição convocada previamente para este
fim, na qual todos os cidadãos. Não se pode chamar de impeachment uma tentativa
de eleição indireta. Essa tentativa se dá porque aqueles que querem ascende ao
poder não tem voto para tal. É estarrecedor que um vice-presidente no exercício
de seu mandato conspire contra a presidente abertamente. Em nenhuma democracia
do mundo uma pessoa que fizesse isso seria respeitada. A sociedade humana não
gosta de traidor. Porque sabe a injustiça e a dor que se sente quando se ve a
traição no ato".
Com a voz embargada, Dilma por diversas
vezes repetiu ao longo do pronunciamento a frase "saio do processo". Ela no
entanto, indicou que não renunciará ao cargo. "Eu tenho ânimo, força e a coragem
suficientes para enfrentar essa injustiça, apesar da tristeza. Não vou me
abater. Vou continuar lutando como fiz ao longo de toda a minha vida. De uma
certa forma estou tento meus sonhos e meus direitos torturados, mas não vão
matar em mim a esperança, porque sei que a democracia é sempre o lado certo",
disse.
"Podem ter certeza: eu continuarei
lutando e vou enfrentar todo o processo. Vou participar e me defender no Senado
e quero dizer aos senhores, ao contrário do que anunciaram, não começou o fim. É
o início da luta, longa e demorada. Ela envolve o meu mandato, não é por mim mas
pelos 54 milhões de votos que tive", prosseguiu.
Questionada sobre a possibilidade de
encurtar o mandato, por meio de renúncia, Dilma rechaçou a hipótese. "Não estou
avaliando agora", disse, em um tom já diferente do que vinha adotando, quando
afirmava que não renunciaria em hipótese alguma. Dilma disse, porém, que "todas
as alternativas democráticas são viáveis", em referência à proposta que circula
em setores do PT e no Parlamento, de convocação de eleições gerais antecipadas
por meio de uma Proposta de Emenda Constitucional.
Fonte : msn.com
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