
A chacina promovida pelo governador fluminense Cláudio Castro (PL-RJ), que deixou 121 mortos nas comunidades da Penha e do Alemão, mexeu no tabuleiro da ultradireita e calou o discurso conspiracionista de Eduardo Bolsonaro (PL-RJ), que insiste na narrativa da "anistia ampla, geral e irrestrita" a Jair Bolsonaro (PL), que não encontra mais eco nem mesmo na família.
A matança de Castro tirou das cordas o consórcio da terceira via, que une Centrão, Faria Lima e Mídia liberal, em torno da candidatura de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) substituindo a "anistia" pela pauta da Segurança Pública.
A mudança na pauta isolou ainda mais Eduardo e a horda neofascista, que já vinham tendo revéses com a aproximação entre Donald Trump e Lula, e o filho "03" de Bolsonaro sumiu das redes sociais.
Hard user da redes, Eduardo fez a última publicação há 3 dias, em 31 de outubro, quando criticou a Justiça Eleitoral por marcar o julgamento que pode cassar o mandato de Castro.
"Logo após a mega-operação no Rio contra narcoterroristas o processo contra Cláudio Castro, parado a relativamente bom tempo, dá prosseguimento no TSE", escreveu, ainda tentando surfar na pauta trumpista, de transformar as facções criminosas do Brasil em terroristas para possibilitar uma ação armada no país.
Mais ligado ao Centrão e simpático até mesmo ao PL da Dosimetria - uma alternativa à anistia -, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) assumiu o papel de porta-voz do clã e vem lucrando com a chacina de Castro nas redes.
Após mobilizar as redes para vazer uma vaquinha para as famílias dos quatro policiais mortos neste domingo (2), Flávio Bolsonaro já havia feito três publicações antes das 9h desta segunda-feira.
Além de divulgar os resultados da mobilização, que levantou R$ 400 mil para auxílio das famílias dos policiais em 7 horas, resgatou um vídeo sobre o pai, Jair Bolsonaro, que tenta relacionar movimentos sociais, como o MST, com as facções, como o PCC.
Destaque na terceira via
Flávio ainda foi escalado pelo Centrão para comandar a oposição na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, que será instalada nesta terça-feira (4) no Senado.
Flávio terá a seu lado nos ataques ao governo Lula, o ex-juiz e ex "super" ministro da Justiça Sergio Moro (União-PR), além de Magno Malta (PL-ES), Marcos do Val (Podemos-ES) e Eduardo Girão (Novo-CE).
O objetivo é postergar ao máximo os trabalhos para que a CPI municie a terceira via e sirva de palanque para atacar a política de segurança do governo Lula, tema que é considerado o "Calcanhar de Aquiles" da esquerda.
Além disso, a direita tem interesse em enterrar a PEC da Segurança, proposta do governo Lula para unificar as polícias estaduais a um comando central, no Planalto, para articular ações organizadas contra as facções.
Embora tenha sido alvo de flertes para assumir a candidatura à Presidência em nome do clã, Flávio já sinalizou que vai se dedicar à reeleição ao Senado e já demonstrou, por diversas vezes, não ter objeção ao nome de Tarcísio para encabeçar a chapa presidencial - sempre ressaltando que o pai é o candidato natural, mesmo já admitindo a impossibilidade de reverter a inelegibilidade a tempo.
Com a decadência de Eduardo e a ascensão de Flávio, juntamente com a pauta da segurança pública, o projeto da terceira via em torno do governador paulista, arquitetado por Ciro Nogueira (PP-PI), Antonio Rueda (União) e Gilberto Kassab (PSD) ganha força e implode as investidas contrárias de Eduardo Bolsonaro.
O senador ainda deve assumir as tratativas com o governo Donald Trump, que tem interesse em transformar o narcotráfico em narcoterrorismo no Brasil, para justificar antecipadamente qualquer ação armada dentro país. Os EUA planejam invadir a Venezuela, país que faz divisa com o Brasil, usando o mesmo álibi.
Além disso, as negociações em torno da dosimetria, além de outras tratativas para que Bolsonaro não seja preso na Papuda, devem destravar com Flávio como porta-voz do clã.
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