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Ricardo Cappelli: Vai piorar, e muito





O jornalista Ricardo Cappelli, ao comentar o atentado em Curitiba, escreve que as forças de extrema-direta esperam um passo em falso da esquerda para um inverno mais longo que o iniciado em 64. “Vai piorar, e muito”, adverte.

Boa! Setores da esquerda agora defendem uma reação na mesma moeda, aos tiros! Vai ser lindo ver o Bonner vibrar no JN anunciando milícias armadas “do Lula” em Curitiba e meia dúzia jogando coquetéis molotovs em algum banco.

O general Mourão espera ansiosamente por isso. Nem em seus sonhos mais perfeitos imaginou algo tão “brilhante”. Ataques foquistas, sem povo, de militantes vermelhos! Perfeito! Palmas!!!

Outros dizem que são mencheviques os que ainda apostam na institucionalidade. Claro! O caminho é boicotar as eleições, deixar que a direita e a extrema direita concorram sozinhos enquanto nós, bravos e valentes, denunciamos no facebook e comandamos um exército de soviets virtuais (sic).

Conversar com o PDT? Coisa de traidor, Ciro “não tem compromisso com nosso programa”. Com o PSB? Com setores do próprio PMDB? Com setores do setor produtivo? Jamais! Aqui só cabe PT, PCdoB e PSOL. Ah, podem entrar também PCB e PCO. Ampliar é abandonar Lula, que sairá da prisão direto para o Planalto, obviamente.

O isolamento é brutal. O povo até vota no Lula, mas não moverá uma palha por ele. Quantos milhões foram às ruas denunciar sua prisão? Mas tem gente achando que estamos na ofensiva, que o povo, por rejeitar Temer, dará a qualquer candidato da esquerda que tenha a mão de Lula no ombro uma vitória triunfante e redentora.

A Globo até aqui ignora os tiros em Curitiba. Faz isso porque tem uma correta avaliação da correlação de forças. Sente que pode.

Não tenham dúvida. Vai piorar, e muito. Se a esquerda não tiver juízo, entender o que está acontecendo e suspender bravatas juvenis podemos ter um inverno mais longo que o iniciado em 64.

O único caminho possível para derrotar o golpe é ampliar, sair do isolamento, construir uma Ampla Frente Democrática que inclua TODOS que defendam a Democracia. Antes que seja tarde.

Tem muito jogo a ser jogado. Resta saber se vamos entrar em campo ou se vamos entregar o jogo de bandeja ao inimigo.

*Ricardo Cappelli é jornalista e secretário de estado do Maranhão, cujo governo representa em Brasília. Foi presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) na gestão 1997-1999.

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